O presidente do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), Celso Mangueira, que trabalhou na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos por quase 40 anos, demonstrou sua preocupação com a proposta de privatização da estatal pelo Governo. Segundo ele, o problema nos Correios não se resolve entregando a empresa à iniciativa privada. O ideal, assegura, seria a abertura de capital, seguindo os exemplos do Banco do Brasil e da Petrobras.
“Trabalhei 39 anos nos Correios e, consequentemente, vivi todo o processo da empresa. Entrei no início da década de 1970 e acompanhei as dificuldades que vieram com a perda de marcado da empresa, em função do avanço tecnológico, apesar do grande conceito internacional que ela tem”, disse Celso Mangueira.
Avanço tecnológico
Ele frisou que a crise nos Correios se deu por conta do avanço tecnológico em todo o mundo. “Hoje, não se manda mais cartas como antes. Os segmentos que passaram a ter grande peso nas receitas dos Correios foram os de encomendas e de serviços de internet”, reforçou.
Segundo ele, o Brasil tem um conjunto de quase 6 mil agências, das quais, cerca de 10% têm vida financeira própria. “As outras são agências deficitárias. Se ocorrer um processo de privatização, a iniciativa privada pode levar a parte lucrativa e deixar a parte deficitária para o Governo. E, consequentemente, quem vai arcar com os custos, seremos nós, contribuintes”, disse. Ele lembrou que a empresa é ligada à União Postal Universal (UPU) e tem normas internacionais a serem cumpridas.
Universalidade de serviços
Celso Mangueira defende a manutenção dos Correios sob o controle do Governo, garantindo a universalidade dos serviços ofertados. “Os Correios cumprem normas da UPU, que define regras de intercâmbio internacional de correspondência e de envio de encomendas”, frisou o presidente do Corecon-PB. Segundo ele, se o setor privado adquirir os Correios, vai querer segmentar o que é e o que não é bom.
Celso Mangueira reforçou que defende a abertura do capital da empresa, a exemplo do que acontece no Banco do Brasil e na Petrobras e que a preocupação do Governo tem que se voltar para setores prioritários como saúde, segurança e educação.
Abertura de capital
Ele defende a abertura do capital da empresa, argumentando que “quando se abre o capital, o setor privado também começa a olhar a gestão da empresa com grande interesse”. “Por isso, a abertura de capital é o caminho mais adequado. Privatizar, não. Primeiro, será difícil privatizar, em função do passivo, que é muito grande e terá que ser saneado ou assumido pelo Governo”, declarou, destacando que não seria tão fácil transferir a empresa das mãos do Governo para o controle da iniciativa privada.
Discussion about this post