Os governadores nordestinos resolveram deixar de lado os reais problemas por que passam seus estados, a começar pelo déficit sufocante em suas previdências, para esticar a tal ‘resistência’ lulopetista ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). Sem disposição real para contribuir, por exemplo, com a reforma que poderia ajudar amenizar o rombo nas contas públicas de suas gestões, os ‘resistentes’ governadores nordestinos divulgaram na manhã deste domingo (30), uma nova carta em que defendem o afastamento do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), o procurador Deltan Dallagnol e praticamente toda a cúpula da Operação Lava Jato de seus respectivos cargos, além, claro, da anulação ou revisão dos julgamentos que tenham sido feitos por eles, como a do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).
A manifestação dos governadores nordestinos não causa surpresa, embora chegue no mesmo dia em que brasileiros e brasileiras ocuparam as ruas para manifestar justamente o contrário, isto é, apoio ao ex-juiz Sérgio Moro, a operação Lava Jato e bandeiras como o pacote anticrime e anticorrupção, bem como a reforma da previdência, que tanto os ‘resistentes’ gestores estaduais fazem questão de não fazer absolutamente nada para seu êxito no Congresso Nacional.
Numa demonstração total de falta de sintonia com o debate nacional, a carta dos governadores nordestinos é um verdadeiro acinte ao cidadão de bem dos seus estados, Trata-se de utilização indevida dos cargos que ocupam para servir de trampolim para suas alegorias ideológicas. No afã de propagar a malfadada narrativa de que Lula é um homem injustiçado, os ‘resistentes’ tentam delirantemente empinar uma teoria da conspiração contra quem foi julgado e condenado por uma, duas, três instâncias! Se tinha algum erro, por que nada foi corrigido por nenhuma delas?
Os governadores nordestinos não percebem que a ‘banda’ está passando e que os argumentos ideológicos e meramente sofistas não garantirão vida mansa daqui por diante, caso continuem a deixar de lado um debate de algo tão sério e capaz de comprometer presente e futuro. Enquanto repetem a cantilena do ‘Lula livre’, a reforma da previdência caminha para excluir estados e municípios.
Como bem acentuou João Doria, governador de São Paulo, em recente entrevista, o apoio a inclusão dos estados carece da manifestação explícita dos demais governadores, que precisam decidir se querem resolver o problema previdenciário do país ou jogar tudo para debaixo do tapete.
A retirada dos Estados da reforma da Previdência tem potencial para mantê-los no rastro de uma trajetória explosiva do rombo nos regimes de aposentadoria e pensão dos servidores estaduais. O déficit, que hoje se aproxima de R$ 100 bilhões por ano, tende a quadruplicar até 2060, caso nada seja feito. O passivo previdenciário atual e futuro dos Estados é maior inclusive que a dívida desses governos com a União e com bancos, alerta a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado.
A situação previdenciária da Paraíba deve piorar e muito nos próximos anos, segundo relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias, cuja matéria aprovada na Assembleia Legislativa mostra que o déficit no ano que vem chegará à casa de R$ 4,5 bilhões. Para 2023, segundo informações atuariais, deve chegar a R$ 10 bilhões.
Em vez de concentrar energias e atenção para convencer os parlamentares federais do Estado a apoiar a reforma que resolveria parte dos problemas previdenciários do Estado que governa, lamentavelmente João Azevedo prefere ocupar-se com questões infrutíferas apenas para dourar a pílula da tal ‘resistência’.
Com ou sem cartinha pedindo que a polícia libere o bandido, é chegada a hora de deixar as diferenças políticas e ideológicas de lado e isso tem a ver com a vida de paraibanos e brasileiros, portanto, é um problema que o país precisa resolver no todo e não em parte.
Muito mais que meias palavras ou mentiras completas, os paraibanos, os nordestinos e os brasileiros aguardam ansiosamente de seus governantes atitude, compromisso e responsabilidade de verdade. E você, João Azevedo, vai permanecer no palanque ou pretende realmente sair dela, apoiar a reforma e começar a resolver os reais problemas da Paraíba?
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