A jornalista Marcia Mendel, de 37 anos, foi atingida no pé por uma bala de fuzil na noite de réveillon enquanto fazia um brinde pelo Ano Novo. Ela, que tem dois filhos pequenos, disse que estava com familiares na cobertura onde mora, na Rua Marques de Abrantes, no Flamengo, Zona Sul do Rio, quando sentiu uma dor forte no pé. Surpresa ao saber a causa do ferimento, ela pensa em se mudar do imóvel.
Márcia contou que, durante o brinde, sentiu dores no pé e percebeu que ele sangrava. Fez um curativo e somente na manhã seguinte buscou atendimento hospitalar.
O primeiro atendimento ocorreu na emergência do Hospital Copa D’or. Dispensada após uma sutura simples, procurou outro hospital. o Rio Laranjeiras, onde, a partir de um exame de imagem, descobriu que havia um projétil alojado em seu pé.
“Eu expliquei ao médico que moro perto de uma comunidade e que poderia ter sido estilhaço de bala ou fogos. O médico deu um ponto e falou que o inchaço e o hematoma era devido ao trauma causado pela ferida”, conta Márcia, que afirmou ter pedido para fazer um raio-X, o que lhe foi negado pelo médico.
A jornalista passou o dia mancando e com as dores aumentando. Decidiu, então, procurar outro hospital. O novo médico que lhe atendeu, contou, também não queria solicitar um exame de imagem, mas acabou cedendo. Somente depois veio a constatação da causa real do ferimento.
“Ele [o segundo médico que a atendeu] também achou que não tinha nenhuma necessidade [de examinar por imagens], mas acabou fazendo. Quando saiu a radiografia, vimos que tinha uma bala inteira dentro do meu pé”, destacou.
Ao avaliar o projétil, o comentarista de segurança pública da TV Globo, Fernando Veloso, afirmou se tratar de uma bala calibre 762, comumente usada em fuzis como o de modelo AK-47- arma de guerra de uso exclusivo das Forças Armadas.
Tiro com força reduzida
Uma bala de fuzil é capaz de dilacerar um pé. Márcia já prestou depoimento à polícia, ainda no hospital onde está internada. O caso foi registrado na 9ª DP (Catete), que abriu inquérito para apurar o ocorrido.
Segundo policiais ouvidos pelo G1, Márcia deve ter sido atingida por um tiro dado para o alto ou de uma distância muito longa, gerando um impacto mais leve e com poder de destruição menor.
Constatada a presença do projétil, Márcia foi obrigada a retornar à emergência do primeiro hospital onde foi atendida. Precisou ser submetida às pressas a uma cirurgia para a retirada do objeto e, além disso, foi mantida internada para evitar o risco de uma infecção.
“Estragou todo o nosso planejamento. A gente ia viajar. E o maior risco, e tiveram que fazer a minha cirurgia às pressas, foi porque a bala ficou dois dias no meu pé. Ela poderia ter sido retirada logo se a radiografia tivesse sido feita. Eu estou tendo que ficar internada para evitar risco de infecção. Isso poderia ter sido evitado se a radiografia tivesse sido feita antes”, reclamou.
Assustada com o ocorrido, Márcia agora pensa em se mudar de casa.
“Eu só conseguia imaginar ‘ainda bem que não foi com meus filhos’. Tenho dois filhos pequenos. E ainda bem que foi no pé. Se tivesse sido na cabeça…”, ponderou.
O Hospital Copa D’or disse que vai apurar o motivo pelo qual o exame de imagem não foi feito no primeiro atendimento.
G1
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