A produção de cordeiro de corte desponta como uma atividade rentável e capaz de proporcionar substancial melhoria da renda dos produtores, principalmente dos agricultores de base familiares, permitindo com isso suas permanências no campo. Para subsidiar os criadores e servir de base para seu criatório, a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) está disponibilizando para quem interessar um conjunto de pesquisas contendo indicadores técnicos e econômicos de produtividade, para um sistema de produção de ovinos de corte na região Nordeste.
Desenvolvido por uma equipe de oito pesquisadores da antiga Emepa, o grupo de estudos coordenado pelo doutor em Zootecnia Wandrick Hauss de Sousa, o projeto teve apoio financeiro do Governo do Estado, da Finep e do CNPq, além de instituições parceiras como a Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal de Campina Grande, os quais colaboraram na execução e planejamento dos experimentos realizados na Estação Experimental Benjamim Maranhão, em Tacima.
Wandrick reconhece que a ovinocultura de corte, sobretudo no Nordeste, destaca-se como uma atividade de potencial econômico e social, importante para o desenvolvimento da pecuária da região semiárida, mesmo existindo criatórios que apresentam ainda indicadores técnicos de produtividade pouco competitivos. Destaca ainda que o consumo de carne ovina ainda é pequeno, mas ressalta existir um mercado consumidor bastante promissor a ser conquistador.
A baixa produtividade se dá, principalmente, devido à adoção de tecnologia. Ele reconhece que esse quadro pode mudar. “Um sistema eficiente de produção é reflexo do manejo alimentar adequado, eficiência reprodutiva, escolha por grupo genético mais produtivo, perfil do rebanho e do sistema de produção adotado”, comentou. Ele recomenda elevar o padrão tecnológico dos atuais sistemas de produção de ovinos, por meio do desenvolvimento de tecnologias apropriadas com baixo custo e de fácil adoção pelos criadores.
Com as pesquisas concluídas em 2018, as tecnologias estão disponíveis para serem levadas ao campo como proposta de alternativas para melhorar a regularidade da oferta dos cordeiros e disponibilizar um produto de qualidade contável, com as atuais exigências do mercador consumidor. Esse modelo alternativo de produção constituído de tecnologia simples, de baixo custo e de fácil adoção, teve um acompanhamento técnico e econômico durante cinco anos, contemplando as fases de cria e engorda (terminação) de cordeiros da raça Santa Inês e cruzamentos com a raça Dorper.
O pesquisador explica que no sistema semi-extensivo de criação adotada pelos criadores, os ovinos não conseguem suprir suas necessidades nutricionais para a reprodução e produção satisfatórias, durante todo o ano. Em período de escassez de forragens, os animais perdem condição corporal, prejudicando a reprodução e a produção de cordeiros, os quais são tardiamente desmamados (acima de 120 dias), comprometendo o abate e aumentando o período de parto das ovelhas.
A necessidade de um melhor planejamento de estratégias alimentares para o rebanho durante todo o ano é outra ineficiência constatada pelos pesquisadores. A produção e a conservação de forragens, como ensilagens e fenação e escolha de forrageiras adaptadas ao clima semiárido como a palma forrageira, são indispensáveis para melhorar os índices econômicos de produção de ovinos na região.
A equipe técnica faz recomendações importantes também sobre a suplementação alimentar das ovelhas no período do parto, orientando sobre os cuidados no período da lactação, período importante para não causar impacto no crescimento das crias, trazendo perdas no rendimento do animal.
Agregar valores com a inovação dos produtos são fatores que atenderão a pressão do mercado e dos consumidores de carne caprina que cada vez mais exigente. Isso será possível com novas tecnologias de criação. O grupo de pesquisadores acredita que as sugestões modificarão nos atuais sistemas de produção, aumentam a produção garantindo cordeiros para suprir as demandas dos frigoríficos.
Participaram da equipe de pesquisadores, além de Wandrick Hauss, os doutores em Zootecnia Felipe Queiroga Cartaxo, João Paulo de Farias Ramos, Lenice Mendonça de Menezes, Flávio Gomes de Oliveira, Milton Daniel Benitez Ojeda, Marcílio Fontes Cézar e o Mestre em Zootecnia Magno Marcos Bezerra da Costa.
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