Paulo Autuori completa um mês no Santos nesta quinta-feira. Contratado como diretor de futebol, o técnico (que não desistiu totalmente da carreira de treinador, mas ressaltou que não desempenhará essa função em caso de saída de Jorge Sampaoli) tem um escopo de trabalho gigantesco:
- Ser a voz da razão e do equilíbrio num clube que tem um presidente como José Carlos Peres e um treinador como Jorge Sampaoli, como fez no caso Jean Mota;
- Espelhar nas equipes de base um mesmo modelo de jogo, semelhante ao usado no profissional;
- Ser mais criterioso nas contratações, já que o dinheiro anda curto e é preciso usá-lo com sabedoria.
Para a primeira função, não há segredo. Autuori usa o bom senso que o acompanha há quatro décadas no futebol.
Para as outras duas, Autuori trouxe William Thomas. Novo coordenador do setor de análise de desempenho do Santos (de todo o departamento, e não só do time de cima), Thomas chega respaldado por um currículo acadêmico respeitável (com cursos na Espanha e na Inglaterra) e, principalmente, pelo excelente trabalho feito no Athletico entre 2013 e 2018, onde atuou com o próprio Autuori.
E aqui vai um relato pessoal: na semana passada acompanhei um seminário de análise de desempenho, promovido pela Federação Paulista, no Museu do Futebol, no Pacaembu. Quase 200 pessoas lotaram o auditório – a imensa maioria já trabalha na área. Dentre os palestrantes, profissionais de Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Cruzeiro. Nenhum outro, porém, chamou mais a atenção do que William Thomas.
Nos bastidores, todos queriam saber mais do novo profissional do Santos sobre o trabalho dele no “DIF” (Departamento de Informação do Futebol) do Athletico. Como se cria um Renan Lodi? Como se acha um Bruno Guimarães?
Um departamento de análise de desempenho existe para isso. Com a imensa quantidade de dados disponível hoje em dia (vídeos, estatísticas, relatos de olheiros… de jogadores do mundo todo), cabe ao analista encontrar a peça certa. E, para ter êxito, você precisa ter um modelo de jogo bem definido.
Grosso modo: não adianta o sub-15 jogar no 3-5-2 e o sub-17 no 4-5-1 se o sub-20 e o profissional estão no 4-3-3. Falando mais detalhadamente: você precisa saber se vai usar um lateral que jogue bem aberto ou seja do tipo que constrói por dentro, por exemplo.
É aí que entram Autuori e Thomas.
– Quando se contrata muitos jogadores, significa falta de planificação da época anterior. No futebol brasileiro tem muita contratação que dirigente faz porque gosta. Precisamos ser mais assertivos – disse Autuori, em entrevista coletiva.
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