Monteiro e a expectativa de um novo ‘campestre’ na Paraíba
Por Ivandro Oliveira
As diferenças entre o atual governador, João Azevedo, e o seu antecessor, Ricardo Coutinho, ambos do PSB, estão cada vez mais visíveis e os contrastes de uma relação cada vez mais desgastada entre criador e criatura saltam aos olhos até do menos atento espectador da cena política local.
Na contramão do que muito fortemente se apregoou no curso de todo o processo que ungiu Azevêdo candidato de Ricardo, ainda na campanha, já eram perceptíveis as disparidades comportamentais entre ambos. Para disfarçar as diferenças, coube ao governador eleito o gesto de pedir ao antecessor a indicação de praticamente todo o secretariado, inclusive a manutenção de figuras pouco ou nada afinadas com o ‘manequim’ do novo governo instalado no inicio desse ano.
A aparente harmonia cedeu espaço a um verdadeiro oceano de desconfianças, tendo como estopim os primeiros ruídos oriundos da Operação Calvário que obrigou o governador a iniciar uma ‘depuração’ na administração sob pena de inviabilizá-la com o chorume da corrupção que dilapidou os cofres públicos paraibanos.
Com disposição para o diálogo, estilo conciliador e avesso ao belicismo do seu antecessor, João Azevedo vem imprimindo um estilo próprio de governar, auscultando quem torce de verdade para que o governo dê certo e vá adiante, e distante das bravatas que outrora tornaram o ambiente político tão inóspito e beligerante.
Não por acaso, o Palácio da Redenção vive uma nova fase e a palavra de ordem é moderação. Para conter o ímpeto dos mais radicais e incendiários, paciência e gestos que falem mais que quaisquer palavras.
Em meio a uma surda peleja com Ricardo, cujo ápice culminou com a ‘intervenção’ no comando do PSB, João evita o embate direto, torna ainda mais gelado o espaço de um possível confronto, e promove outra guerra com o seu antecessor, a de nervos, típica de quem sabe com quem está lidando.
A cidade de Monteiro, no Cariri paraibano, que abriga neste domingo, dia 1º de setembro, mais uma manifestação pelo malfadado ‘Lula livre’, embora o ex-governador jure de pés juntos o contrário, a verdade é que o grito pela transposição, cujas obras nunca foram concluídas e cujas cifras já movimentaram mais de R$ 12 bilhões, mesmo após todas as promessas de finalização feitas por Lula, Dilma e companhia, poderá reeditar um novo ‘campestre’, desta feita sem a presença de um dos contendores, mas com direito a toda sanha de quem já não esconde mais o sangue dos olhos.
Pelo sim, pelo não, só depois de amanhã saberemos se a guerra deixará de ser fria e o primeiro ‘tiro’ será disparado. Aguardemos, então.
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