A taxa de desemprego diminuiu no trimestre encerrado em agosto, inclusive com a criação de vagas com carteira assinada. O problema é que a cada vaga no mercado formal, outras três são oferecidas sem as garantias trabalhistas.
Em um ano, foram gerados pouco mais de 1,4 milhão de postos sem carteira assinada ou CNPJ, número bem maior que as 403 mil vagas formais. O atual retrato do mercado de trabalho, portanto, ainda é de crescente informalidade.
Os dados comparam os números do trimestre encerrado em agosto deste ano com o mesmo período de 2018, referentes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os critérios diferem dos adotados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
Para o IBGE, o grupo de informais inclui os trabalhadores sem carteira assinada (inclusive trabalhadores domésticos), os autônomos sem CNPJ e os chamados sem remuneração, que auxiliam em trabalhos para a família.
No trimestre encerrado em agosto, o emprego sem carteira assinada e o trabalho por conta própria bateram recorde. São 11,8 milhões de trabalhadores sem carteira e outros 24,3 milhões atuando de forma autônoma. Em um ano, cerca de 1,1 milhão de pessoas começaram a trabalhar por conta própria. Desses, 69% não têm CNPJ.
“Alguns trabalhadores por conta própria até são formalizados, mas grande parte não é. Então eu acho que tem que se buscar a formalização do mercado de trabalho, mas, pra isso, a gente precisa de crescimento econômico e esse ano vamos ter menos de 1% de crescimento. Então não tem jeito, o mercado de trabalho vai sofrer”, afirmou o professor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia.
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