O Estanciano se despediu da Copa São Paulo de Futebol Júnior com um saldo bem negativo. Além de três derrotas em três jogos, a campanha do time sergipano ficou manchada por uma polêmica sobre suposta manipulação de resultados envolvendo presidente, técnico e jogadores. Um dos atletas revelou que recebeu uma oferta de R$ 2 mil para perder a estreia contra a Itapirense.
O episódio, que se passou em Itapira, sede da equipe no torneio, causou um racha interno. Incomodado com a situação, o técnico Ricardo Pereira pediu demissão antes do segundo jogo (diante do Fortaleza) e acusou o presidente Sidney Araújo de tentar vender a primeira partida, intermediando o contato dos supostos empresários com ele próprio e depois com três atletas.
Já Sidney negou qualquer ligação com o esquema e pediu afastamento do cargo para se defender das acusações. Apesar do revés por 3 a 2 para a Itapirense, como desejavam os aliciadores, todos, do presidente aos jogadores, garantem ter recusado a proposta que partiu de duas pessoas que seriam ligadas a um site estrangeiro de apostas.
O caso veio à tona depois que vazou um áudio gravado pelo atacante Daniel da conversa com os aliciadores (ouça um trecho no vídeo acima). Em entrevista exclusiva ao repórter Caio Maciel, da EPTV, afiliada da Rede Globo, Daniel falou pela primeira vez sobre o assunto e detalhou a história.
– A gente estava no hotel e soube que dois empresários queriam falar com a gente. Descemos, entramos no carro e começamos a conversar. Eles disseram que tinha proposta do time da China, que levaria a gente para lá. Mas em um momento começou a falar de pagamento para entregar o jogo. Nesse momento, comecei a gravar. É um momento difícil, dá um aperto na gente, que fica com medo, e fica ruim para o clube também.
Segundo o camisa 9 do Estanciano, duas pessoas que se diziam ligadas a um grupo chinês – uma delas de nome Tiago – ofereceram a ele e mais dois atletas (André e Caio) R$ 2 mil a cada para perder da Itapirense, além de R$ 500 por pênalti cometido. “Eles comentaram que dariam o dinheiro na nossa mão antes ou depois do jogo. Eram R$ 2 mil para perder. Se fizesse pênalti, davam mais R$ 500. Em nenhum momento chegamos a pensar em aceitar. Ficamos com medo. Pegamos a gravação e passamos para os nossos responsáveis”, Daniel.
Além do dinheiro para os jogadores, a dupla chegou a oferecer R$ 7 mil para o técnico Ricardo Pereira, mais passagens aéreas para ver a filha, e R$ 30 mil para o clube. Diretor de futebol do Estanciano, Janilton Oliveira, mais conhecido como China, descarta a participação de qualquer profissional do clube no episódio.
– Nosso time nunca entregou e nunca entregaria comigo no comando. Até tem um áudio meu gravado, que se existisse a possibilidade de isso aconteceria, a equipe abandonaria a partida, receberia punição e explicaria o motivo. A dignidade do homem não se compra com cinco, sete ou 15 mil reais.
Ainda de acordo com China, os aliciadores sumiram da cidade de Itapira depois do insucesso de subornar os jogadores e o técnico do Estanciano.
– Eles disseram que eram cariocas e representavam um grupo chinês. Primeiro se apresentaram como empresários, depois, com os atletas, admtiram que trabalhava com apostas, que todo mundo ganhava dinheiro e que era interessante eles fazerem também. É uma situação que precisa ser apurada pelos órgãos competentes.
Em contato com a produção do Globo Esporte de Sergipe, o presidente afastado Sidney Araújo disse que recebeu denúncias que o esquema estava acontecendo no clube e resolveu testar o técnico e os jogadores.
Em campo, o Estaciano perdeu para Itapirense (3 a 2), Fortaleza (3 a 2) e Volta Redonda (2 a 0). Fora das quatro linhas, a derrota foi ainda maior, com o nome envolvido numa polêmica que vai totalmente na contramão do sonho da garatoda.
– Não é coisa de gente honesta. O Estanciano é um clube carente, que necessita de ajuda, mas em nenhum momento precisamos disso para mostrar futebol. Temos meninos que estão sonhando e trabalhamos com honestidade e humildade – concluiu Daniel.
Globoesporte
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