Ao fim desse ato, no entanto, grupos de radicais surgiram e ergueram barricadas nas ruas com lixeiras em chamas, presenciou a agência de notícias AFP.
Barcelona registrou cenas violentas em suas principais ruas nesta quinta-feira (17), quarto dia consecutivo de protestos relacionados às tentativas de independência da Catalunha.
A quinta-feira começou com uma passeata com 25 mil estudantes em greve, segundo a polícia de Barcelona. À tarde, houve concentração em clima festivo, com cerca de 13 mil pessoas e a participação de jovens que passaram algum tempo jogando futebol ou baralho.
Os confrontos começaram por volta de 22h (17h em Brasília) e se estenderam até por volta de 2h de sexta (21h de quinta em Brasília). Centenas de jovens, aos gritos de “independência”, atearam fogo em barricadas no centro da capital catalã e enfrentaram a polícia com coquetéis molotov.
Os agentes reagiram atirando balas de borracha. A polícia também tentou evitar que grupos antifascistas entrassem em confronto com militantes de ultradireita. Ao menos 11 pessoas foram presas, segundo o jornal El País.
Os confrontos nas ruas ocorreram horas antes de uma greve geral convocada para sexta-feira (18). Cinco marchas estão programadas para sair de cidades catalãs para se dirigir a Barcelona.
A mobilização separatista voltou a ganhar força nesta semana, depois que a Suprema Corte espanhola condenou nove líderes do movimento pró-independência a penas de até 13 anos de prisão devido ao envolvimento na tentativa de tirar a Catalunha da Espanha em 2017.
Naquele ano, o governo da região realizou um plebiscito sobre a separação, considerado ilegal pelo governo da Espanha.
Na ocasião, os líderes catalães foram removidos do poder pelo governo nacional, com base em um artigo da Constituição que veta a secessão do país. Alguns deles foram presos, e outros, como Carles Puigdemont, fugiram do país.
“Pode ter manifestantes contra o sistema ou pessoas cansadas de ver que não há diálogo, e alguns jovens são contagiados pelo clima e partem para a ação, mas os catalães não querem seguir esse caminho de violência”, disse Julio Martínez, 63, aposentado, que foi protestar ao lado do filho Daniel.
“Todos sabemos que isto não pode durar muito mais, porque as pessoas não podem continuar faltando às aulas ou ao trabalho. Mas neste momento continuamos aqui”, acrescentou o estudante Roger Vilaclara, 22.
O premiê interino Pedro Sánchez (PSOE, de esquerda) é pressionado pela oposição, de direita, a tomar medidas mais duras contra os separatistas. A Espanha terá eleições nacionais em 10 de novembro.
Entre as medidas pedidas está a aplicação da Lei de Segurança Nacional, que colocaria nas mãos do Estado o controle da área de segurança da Catalunha e que poderia, inclusive, abrir caminho para uma intervenção da autonomia regional, como a que ocorreu em 2017 após a tentativa de secessão.
Folha de São Paulo
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