Depois dos primeiros 180 dias da gestão do Maracanã, o Flamengo – ao lado do Fluminense – prioriza manter o equilíbrio nas contas do estádio. As despesas caíram, o que, ato e efeito, significa que as receitas aumentaram, contou o gerente de estádios do Rubro-Negro e diretor geral do Maracanã, Severiano Braga.
Em entrevista na sede da Ferj, ao lado do Maracanã, ele contou um pouco dos desafios na gestão do estádio, dos planos para os 180 dias em curso da segunda fase da administração do palco, e sobre a arrecadação com bilheteria. Na semifinal contra o Grêmio, por exemplo, o clube calcula ter uma renda bruta de R$ 7 milhões, a maior do Flamengo na temporada e também no futebol brasileiro.
O resultado financeiro também vai se aproximar do top 3 das últimas temporadas no futebol brasileiro – levantamento do Futdados do GloboEsporte.com tem a final da Libertadores 2013, com Atlético-MG 2 x 0 Olímpia-PAR (R$ 14,1 milhões), Cruzeiro 0 x 0 Flamengo (R$ 7,8 milhões, em 2017) e São Paulo 0 x 2 Atlético Nacional (R$ 7,5 milhões, em 2016), como maiores rendas da história entre os clubes.
Confira a entrevista de Severiano Braga:
GloboEsporte.com: Que balanço é possível fazer deste início de cogestão do Maracanã do Flamengo?
Severiano Braga: – Estamos terminando os primeiros seis meses (180 dias). Acabaram agora. Foi um bom aprendizado. O Flamengo já conhecia o Maracanã de operar seus jogos. Além da operação, estamos gerindo o estádio. Estamos começando a conhecer melhor o equipamento, entender como é o funcionamento e fazendo alguns ajustes internos. O torcedor acaba não enxergando porque ele vai para assistir, torcer e sai. A gente não. Nós vemos os bastidores.
Que tipo de ajustes você pode citar?
– A iluminação do estádio, por exemplo. Os refletores quando pegamos só funcionavam 44%. Hoje, são 77% dos refletores que funcionam. Pelo Maracanã ser superdimensionado, os 77% é mais do que os 100% do que todo mundo precisa (em outros estádios). A conta de luz do Maracanã a gente reduziu 30% só com a nossa gestão. A gestão de água também reduzimos. Porque o Maracanã estava trabalhando “forçado”. Estava exigindo muito dos equipamentos. Começamos a dar manutenção dos equipamentos e agora o Maracanã agora trabalha mais suave.
Consegue mensurar qual diferença dessa conta de luz por mês?
– Nosso vilão sempre foi a conta de luz. A gente tinha demanda que era em torno de R$ 650 mil por mês a conta de luz. Agora já baixamos para menos de R$ 450 mil. A economia é de mais de R$ 1 milhão nesse período.
O Flamengo arca com essa despesa sozinho ou divide com o Fluminense?
– Não, o dinheiro não é do Flamengo ou do Fluminense. Ele é do estádio. A venda de camarotes é a receita do estádio, por exemplo. Então com essa receita a gente vai ajustando as coisas no estádio. Recebemos aluguel do clube – porque os clubes vão lá e pagam o aluguel – e pagamos a conta de água e luz. E temos as receitas de patrocínios, de camarotes, de bilheteria. Isso a gente aplica dentro do estádio.
Conta de luz do Maracanã é considerada a grande “vilã” da administração do estádio — Foto: André Durão
O que ainda é possível avançar?
– Existe um limite. A gente quer é manter. Não perder a mão. Manter esse limite é o que queremos.
Consegue fazer este balanço das receitas menos despesas do Maracanã neste período?
– Ainda não fizemos, mas posso dizer que está “empatando” (receitas x despesas). Não tivemos até agora nenhum aporte dos clubes. O Maracanã hoje está girando sozinho.
Antes, o Flamengo ficava com 30% da renda mais ou menos. Hoje, é 50%, certo?
– A nossa média é essa, de 50%. Pode ver pelos borderôs. O mínimo é de 50%.
A semifinal da Libertadores vai dar quanto?
– Vai dar uns R$ 7 milhões. Ou seja, R$ 3,5 milhões para o Flamengo. Mas a gente vai ter despesa grande na operação de jogo. A gente vai ter maior número de seguranças, maior controle dentro do estádio. Colocamos as grades na Avenida Radial Oeste. Custou cerca de R$ 100 mil, R$ 80 mil. Mais ou menos isso… Mas isso é o custo x benefício. A gente tem que fazer isso acontecer.
Para esse futuro edital do Maracanã, o que existe de conversa hoje do Flamengo?
– O governo do estado lançou há uns 20 dias o PMI, que é o manifesto de interesse para fazer projeto que vai para o edital de licitação. Estamos pensando em participar desse PMI e lá na frente participar do edital.
Torcida do Flamengo já bateu seu recorde de bilheteria nos últimos anos — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
O Flamengo tem projeto pronto de como aumentar essa arrecadação dentro do estádio? Nas áreas hoje desativadas, por exemplo.
– Estamos pensando. Mas não definimos ainda não. Vamos usar esse prazo do PMI, de 90 dias, para estudar e pensar nesse projeto.
Qual receita projetada para todo esse período?
– Projetamos o que estamos fazendo: pagar as contas. Vamos entrar, conhecer o equipamento e se a gente pagar as contas está bem. Porque a receita de bilheteria vai para os clubes. O Maracanã a gente nunca pensou, embora soubesse que poderia acontecer, em pegar dinheiro do clube e investir no estádio. O estádio mesmo tinha que se pagar. Isso aconteceu. A gente conseguiu manter. Nesses próximos seis meses queremos melhorar essa gestão.
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