O empresário, Daniel Gomes da Silva, preso ainda na segunda fase da Operação Calvário, revelou em seu acordo de colaboração premiada com a Justiça que “despejou” quase R$ 1 milhão para campanhas da deputada estadual, Estela Bezerra (PSB), presa na quarta-feira (17) durante a sétima fase da Operação Calvário e libertada após decisão da Assembleia Legislativa da Paraíba em votação secreta. O chefão da Cruz Vermelha gaúcha conta que no ano de 2012, a então Secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias, o apresentou a Deputada Estadual, Estelizabel Bezerra, durante a campanha dela à prefeitura de João Pessoa/PB.
Livânia trabalhava como arrecadadora financeira da campanha de Estela e o chamou numa reunião, com a participação do então Governador Ricardo Coutinho, para que ele providenciasse ajuda financeira para a campanha de Estela. Na reunião, Ricardo e Estela deixaram claro, segundo Daniel, que o apoio e vitória de dela naquele pleito eleitoral seria ponto estratégico na consolidação do modelo de OSs no Estado para ampliar para as Unidades de saúde municipais, bem como no modelo de gestão do PSB implementado por Ricardo Coutinho.
Daniel revelou ainda que o ex-governador, hoje foragido, pediu a ele para tratar dos próximos passos diretamente com Livânia. “Durante a campanha eu repassei à Livânia Farias o montante aproximado de R$ 500.000,00 em espécie em diversas parcelas sempre entregues aos emissários de Livânia Farias”, disse.
Em outro trecho da delação, Daniel conta que no ano 2014, (quando Estela foi candidata a deputada estadual) ele deu R$ 100.000,00 em espécie para a campanha da socialista. “Ao final do pleito, ESTELIZABEL foi eleita e, por mais que não tivéssemos o contato diário em razão do Hospital de Trauma, mantive a aproximação, pois entendi que poderia apostar nas suas próximas candidaturas e contar com alguma contrapartida no futuro”, disse.
Mais adiante, Daniel conta que estreitou as relações com Cláudia Veras (companheira de Estela). “Em 2017, CLAUDIA VERAS reassumiu a Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba. Nessa época tivemos uma sintonia maior, tanto pela relação que construímos no primeiro período em que ela estava a frente da pasta, como pelo meu apoio à Estelizabel, o que foi muito útil na resolução de pendências do dia a dia na SES/PB”. E completou: “Ainda em 2017 a pedido de Livânia Farias, contratei Mayara (chefe de gabinete de Estelizabel) na Assembleia Legislativa da Paraíba, para ser secretária-geral da filial da CVB na Paraíba. Para justificar o seu pedido, Livânia me confidenciou naquela reunião que Estelizabel tinha tido um caso extraconjugal com Mayara, e que por isso Claudia Veras, bastante chateada, lhe pediu para conversar comigo e pedir a minha ajuda. Meses depois, em razão do destaque em seus trabalhos, Mayara acabou vindo a assumir a presidência da CVB/PB, após processo de eleição interna, com minha ajuda”.
Em 2018, Daniel contou que Cláudia Veras e Estela voltaram a pedir ajuda financeira para a campanha de reeleição à Deputada Estadual e que o pleito seria bem mais difícil do que o anterior, pois seria mais concorrido e ela não teria mais o mesmo apoio de Ricardo Coutinho como em 2014, uma vez que supostamente, segundo ela, focaria mais na também candidata Cida Ramos.
Após o pedido direto Daniel se comprometeu a dar através de caixa dois a quantia R$ 300 mil reais. O valor foi pago em parcelas mensais até a eleição:
30.000,00 07/05/2018
60.000,00 05/06/2018
37.000,00 03/08/2018
57.000,00 16/08/2018
30.000,00 05/10/2018
40.000,00 06/10/2018
Daniel fala ainda sobre o uso da contratação e pessoas (compra de votos) para beneficiar a deputada eleitoralmente. “Me lembro, ainda, que ESTELIZABEL BEZERRA também foi beneficiada pela ‘compra de votos’ de pessoas contratadas para trabalhar na rede de saúde do estado e, ainda, como terceirizados contratados diretamente por mim. Para tanto, eu combinei com a Secretária Estadual de Saúde CLÁUDIA VERAS que evitaria informar a Secretária Executiva-Chefe da Casa Civil da Paraíba IRIS RODRIGUES DANTAS CAVALCANTE das vagas que eventualmente surgissem nos hospitais geridos pelas OSS que eu representava e, assim, pudéssemos fazer a substituição automática do profissional sem o conhecimento do Governador. Para operar o citado esquema, combinei com a diretora de Recursos Humanos do Hospital de Trauma Tânia que não informasse o número total de vagas de trabalho desocupadas à IRIS CAVALCANTE”, disse em depoimento.
“Para suprir as vagas, combinei com o Diretor Administrativo do Hospital de Trauma Smith que informasse à secretária de CLÁUDIA VERAS, Thaís, que, por sua vez, indicava os nomes das pessoas que apoiariam a campanha e em troca ganhariam o emprego. Apesar da aposta que fiz, não consegui obter muitas vantagens com a reeleição de ESTELIZABEL BEZERRA, uma vez que logo após o último pleito eleitoral foi deflagrada a Operação Calvário que culminou na minha prisão”, arrematou Daniel.
Veja o depoimento:
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