Vai para o Congresso, daqui a pouco, a discussão da reforma tributária – a segunda maior batalha do governo em seu programa de mudança geral do Brasil. A primeira, a da reforma da Previdência, foi disputada e ganhou no ano passado, apesar dos anos e anos de profecia de que isso jamais poderia ocorrer, pois a “opinião pública” jamais iria deixar.
A massa da população, como se viu, não mexeu uma palha contra a reforma – até porque ninguém foi capaz de lhe explicar até hoje, e nunca será, por qual motivo o cidadão iria se rebelar contra mudanças que mexem, basicamente, em privilégios que ele jamais teve na vida. Ao contrário: quando houve alguma manifestação, foi a favor da reforma. Será seguido o mesmo roteiro na reforma tributária?
A lição que ficou com a reforma da Previdência, e não deveria ser esquecida, foi a seguinte: é possível aprovar mudanças importantes, sim, a partir do momento em que os deputados e senadores percebem que a população não vai brigar contra.
Pode até se manifestar a favor – e isso, somado à troca de favores que os senhores parlamentares brasileiros esperam para a ocasião, é um sinal positivo.
Esperaça
O fato real é o seguinte: ninguém, nem entre os que entendem do assunto nem entre a imensa massa que não entende nada, mas paga tudo, tem a menor esperança de que algum imposto seja mesmo diminuído.
Na melhor das hipóteses, pode ficar mais simples pagar o que o Estado lhe toma, para pagar a cordilheira de despesas que os políticos brasileiros não param de criar – são campeões em distribuir riquezas que não existem, e que só podem sair do bolso da população.
As coisas em geral ficam mais simples quando há esse tipo de expectativa – ou de ausência de expectativas. O essencial para os projetos do governo, que na verdade são projetos para o Brasil e não para quem está mandando no momento, é não brigar com o Congresso.
Muito respeito
Será preciso respeitar muito, até mais talvez do que mereçam, cada deputado e senador. Será preciso permitir, sem miudezas, que os presidentes da Câmara e do Senado tenham o papel decisivo que têm de ter nesses momentos – e que levem o crédito que lhe for devido, junto aos parlamentares envolvidos no pesado trabalho técnico que a aprovação de uma reforma dessas exige.
O resto é jogar contra.
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