O dólar comercial segue acima do patamar de R$ 4,30 nesta segunda-feira. A moeda americana é negociada a R$ 4,322, com leve alta de 0,06% frente ao real. No mercado acionário, o Ibovespa (índice de referência da Bolsa de São Paulo) registra recuo de 0,71%, aos 112.932 pontos. O avanço do coronavírus, além de juros baixos no Brasil, são apontados como os responsáveis pela disparada no câmbio, que afeta desde o preço de importados até aluguéis.
Na China, os dados mais recentes (referentes a domingo) apontam que 908 pessoas já morreram por conta da doença respiratória causada pelo vírus. Em relação aos infectados, já são mais de 40 mil na China, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde do país.
— O dólar fica pressionado especialmente por conta do cenário externo. Enquanto o surto de coronavírus não for revertido, a direção do dólar tende a ser de alta frente ao real — diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.
Nesta segunda, após o prolongamento do feriado de Ano Novo Lunar, a maior parte dos chineses voltam às atividades. O momento é visto como decisivo para avaliar se a doença caminha para um controle ou se o quadro ficará pior.
“Os investidores em todo o mundo seguem preocupados com o coronavírus e a possibilidade de o impacto ser maior que está sendo anunciado”, escreveu Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.
Além disso, pesa no caso do mercado brasileiro a recente redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), renovando o piso histórico para 4,25% ao ano.
— Os juros baixos no Brasil também não geram estímulo à entrada de capitais (dólar) no país, uma vez que os retornos da renda fixa estão menos atraentes — avalia Campos Neto.
O que o economista se refere é à operação chamada carry trade, que ocorre quando os investidores tomam empréstimos em países com juros baixos (como EUA, Japão e membros da União Europeia) para aplicar em títulos públicos de países emergentes, geralmente com juros elevados.
Como os juros brasileiros renovaram a mínima histórica (atualmente estão em 4,25% ao ano), o mercado doméstico fica menos atraente para o investidor.
O petróleo também é impactado pelos temores do coronavírus. O barril do óleo tipo Brent é negociado a US$ 53,75, com queda de 1,32%.
Na cena externa, o dia é de cautela, com viés de queda para os principais índices globais. Na Europa, o FTSE (Londres) cai 0,21%. CAC (Paris) e DAX (Frankfurt) recuam, respectivamente, 0,37% e 0,27%.
Os mercados asiáticos fecharam de forma mista. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,41%. EM Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,59%, enquanto o Nikkei (Japão) recuou 0,6%.
No Ibovespa, os principais papéis operam em queda. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras caem, respectivamente, 1,46% e 0,55%. O comportamento é influenciado pela cotação do Brent no exterior.
A Vale, que vende a maior parte de sua produção de minério de ferro para Pequim, cai 2,55%. O preço da commodity na Bolsa de Dalian (referência para essas negociações) fechou com queda de 0,68%.
O destaque de queda fica por conta das ações ON da IRB Brasil (empresa do ramos de seguros). Oa papéis caem 9,41% após a gestora Squadra questionar a transparência do IRB em nova carta.
O Globo
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