O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em queda nesta sexta-feira (28), voltando ao patamar de 100 mil pontos, em meio a temores sobre a expansão do novo coronavírus e impactos na economia global. O dólar engatava a oitava sessão de alta, chegando a atingir novamente R$ 4,50.
Às 13h47, o Ibovespa caía 1,11%, a 101.841 pontos. Veja mais cotações. Na mínima até o momento, marcou 99.950 pontos.
Nesse cenário, o Ibovespa caminhava para uma perda semanal de mais de 9%, que pode ser a maior desde pelo menos agosto de 2011, mesmo com a semana encurtada pelo Carnaval, destaca a Reuters.
No dia anterior, o Ibovespa caiu 2,59%, a 102.983 pontos. No acumulado do mês, a bolsa tem queda acumulada de 9,47%. Em 2020, o recuo é de 10,95%.
A equipe da Guide Investimentos destacou que o mercado local segue registrando correções na esteira do exterior, onde novos casos na Califórnia e declaração de estado de emergência no Japão intensificam pressão.
“Mercados se preparam para mais um dia de quedas fortes, com investidores buscando reduzir o risco para o fim de semana”, afirmou em nota a clientes.
Ao longo desta semana, as principais bolsas do mundo também sofrem diante da disseminação do vírus, com a Ásia registrando centenas de novos casos, enquanto os Estados Unidos alertaram para a possibilidade de uma pandemia. A principal preocupação é que o coronavírus impacte o desempenho da atividade global.
O avanço da epidemia do novo coronavírus pelo mundo tem provocado abalos nos mercados globais e tem elevado as preocupações de investidores e governos sobre o impacto da propagação do vírus nas cadeias globais de suprimentos, nos lucros das empresas e na desaceleração do crescimento da economia global.
Embora o maior número de casos confirmados e os principais impactos ainda estejam concentrados na China, o coronavírus já se espalhou por mais de 40 países de todos os continentes, provocando o fechamento de fábricas, interrupção de produção, fechamento do comércio e a paralisação de atividades também em países como Coreia do Sul, Japão e Itália.
No exterior, as principais bolsas europeias recuavam nesta sexta, caminhando para a pior semana desde a crise de 2008. Na China, os índices acionários encerraram o pior mês desde maio do ano passado, com os temores sobre o surto de coronavírus se tornar uma pandemia.
Impacto local
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta sexta-feira à GloboNews (veja no vídeo acima) que o coronavírus deverá levar à revisão na estimativa de Produto Interno Brasileiro (PIB).
A secretaria comandada por Sachsida é responsável por fixar as projeções oficiais do governo para a economia e chegou a anunciar em janeiro deste ano um aumento na previsão de crescimento, alterando a expectativa de 2,32% para 2,40%. Segundo o secretário, a nova revisão do número deve ser anunciada até o fim da semana que vem.
Na quinta, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, reconheceu que o avanço do coronavírus pode ter impacto no crescimento mundial e “afetar todo mundo, inclusive o Brasil”. Ele acrescentou que a Secretaria de Política Econômica (SPE) deverá rodar em breve uma nova projeção para o crescimento da economia em 2020.
“Está assustando todo mundo pois pode ter impacto muito forte no desaquecimento da economia mundial, isso impacta a exportação de todo mundo. Tem desorganização de cadeias produtivas, organizadas em países asiáticos. É um fenômeno que está todo mundo se debruçando agora. O risco é no preço de commodities e em um crescimento menor do mundo. A gente tem de estar preparado e lidar com a situação”, afirmou.
Na quinta, bancos dos EUA chegaram a cortar, pela segunda vez, as suas projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. Dessa vez, as previsões ficaram abaixo de 2%. O Bank of America Merrill Lynch cortou de 2,2% para 1,9% sua expectativa, enquanto o JP Morgan diminuiu de 1,9% para 1,8%.
G1Economia / B3
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