Em entrevista ao Valor Econômicopublicada nesta quinta-feira (25), o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso comentou a condenação de Lula em segunda instância e afirmou que “o jogo começa agora”, em referência à composição das forças políticas para as eleições presidenciais deste ano.
FHC afirmou não ver espaço para “outsiders” na disputa da presidência, mas também não considera o apresentador Luciano Huck definitivamente fora do páreo. “Luciano não desistiu”, disse FHC, de quem é amigo. Contudo, para ir para a disputa, o apresentador terá que mostrar-se capaz de sensibilizar os outros partidos mais alinhados com o centro, a exemplo do PPS, presidido por Roberto Freire. Para o tucano, ainda falta preparo para o apresentador: “gosto do Luciano, sou amigo da família, mas ele é muito cru para ser presidente da República”, salientou. “Não acho que ele seja a maior possibilidade”.
Contudo, segundo o jornal, FHC fez novamente uma avaliação que já causou tensão no seu partido no passado: ele apontou que, se a candidatura de Geraldo Alckmin não se firmar, abre-se espaço para Huck concorrer.
Nesta linha, o Estadão destacou que, com a possibilidade de Lula ser impedido de disputar a eleição, o PPS quer voltar a convencer Huck a concorrer ao Planalto. Interlocutores da legenda avaliam que, com o ex-presidente fora do páreo, o 2º turno ficaria entre Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Pesquisas encomendadas por dois partidos políticos indicam que o apresentador seria o principal beneficiário da saída de Lula da eleição, herdando o voto popular, não o ideológico e chegando a 15% sem Lula na disputa.
Contudo, Alckmin e Rodrigo Maia também “comemorariam” a possível saída de Lula da corrida presidencial, caso seja impedido de disputar. São beneficiados pela divisão da esquerda.
De qualquer forma, para além das implicações no cenário eleitoral deste ano, porém, Fernando Henrique apontou ao Valor que enxerga em todo o processo que culminou com a condenação de Lula a possibilidade de engendrar mudanças, levando o país a alterações mais profundas nas regras políticas. Como, por exemplo, a que permite a existência de mais de trinta partidos políticos. “Não há como governar com essa quantidade de partidos”, apontou.
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