O sepultamento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), criada há quase uma década no governo Lula e hoje esvaziada por causa de divergências entre os governos dos 12 países da região, já tem data marcada: será no próximo dia 22, no Chile, em uma reunião de chefes de Estado convocada pelo presidente chileno Sebastian Piñera. No lugar da Unasul, será criado um novo organismo, chamado informalmente de Prosul e proposto pelo próprio Piñera e pelo presidente da Colômbia, Iván Duque, informa O Globo.
De acordo com a publicação, embora não esteja claro ainda quantos dos membros da Unasul pretendem aderir ao novo bloco, a substituição conta com o apoio do Brasil, o mais populoso país da América do Sul e a maior economia da região. O presidente Jair Bolsonaro participará da reunião e, no dia seguinte, terá uma agenda privada com Piñera, para discutir projetos comuns. Na avaliação do governo brasileiro, o ideal é que saia uma declaração — e não um acordo fechado — criando o novo organismo.
O presidente chileno convidou para a reunião os líderes dos 12 países da América do Sul. Representando a Venezuela, chamou Juan Guaidó — líder da Assembleia Nacional que se proclamou presidente interino e foi reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil. A presença de Guaidó, no entanto, pode fazer com que os chefes de Estado da Bolívia e do Uruguai, Evo Morales e Tabaré Vázquez, respectivamente, não participem do encontro, já que os dois não reconhecem o opositor venezuelano como presidente interino.
A Prosul não teria sede ou secretariado, assim como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), criada em 2008 durante um encontro de chefes de 33 chefes de Estado e governo na Costa de Sauipe, Bahia. A Unasul tem uma sede, no Equador, e até um Parlamento, na Bolívia, cujos representantes nunca foram eleitos.
Até recentemente, o governo brasileiro defendia que fosse aproveitada a atual estrutura do Mercosul, o bloco de integração econômica formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, mas que tem como associados vários países sul-americanos — a Venezuela foi aceita no Mercosul na década passada, mas está suspensa desde 2017. Além disso, o Itamaraty propunha como critério para a formação do novo bloco a democracia, o que, segundo o governo, excluiria a Venezuela de Nicolás Maduro, mas acolheria a de Juan Guaidó.
No mês passado, após críticas da oposição, Piñera descartou que o novo bloco tivesse um viés ideológico e explicou que a Venezuela ficaria de fora porque “não respeita a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos”.
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