O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que não há razão para manter relações diplomáticas com Cuba, porque o país desrespeita direitos humanos. Em entrevista recente ao jornal Correio Braziliense, Bolsonaro criticou o Mais Médicos, programa que tem 11.420 profissionais cubanos trabalhando em áreas pobres do Brasil.
Ele citou o fato de os médicos do programa receberem apenas 25% do montante enviado ao regime cubano e a proibição que impede seus filhos de se juntarem a eles.
“Isso para uma mãe, não é mais que uma tortura? Ficar um ano longe dos filhos menores?”, disse Bolsonaro. “Dá para manter relações diplomáticas com um país que trata os seus dessa maneira?”
Brasil e Cuba estabeleceram relações diplomáticas pela primeira vez em 1906. Elas foram rompidas após o golpe militar de 1964 no Brasil, e só foram restabelecidas em 1986.
Bolsonaro disse que o Mais Médicos, iniciado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, pode continuar, mas cubanos deverão ganhar seu rendimento de forma integral e ter seus filhos com eles.
Questionado sobre um possível fechamento de embaixadas brasileiras em Cuba e na Venezuela, o capitão reformado respondeu: “Olha, respeitosamente, qual o negócio que podemos fazer com Cuba? Vamos falar de direitos humanos?”.
Sobre a Venezuela, Bolsonaro afirmou que “o embaixador já veio para cá, a embaixada já foi desativada, não temos mais contato. Agora, veio no governo do Michel Temer, porque no governo do PT”¦ Essa decisão teria que ter sido tomada há mais tempo: chamar o embaixador, conversar”.
Ele se referia a Ruy Pereira, embaixador do Brasil em Caracas, declarado persona non grata pelo regime venezuelano em dezembro de 2017.
A medida equivale a uma expulsão. Pereira estava no Brasil para passar o fim de ano e não retornou a Caracas.
A embaixada na capital venezuelana, porém, não está desativada e é chefiada pelo encarregado de negócios, José Wilson Moreira.
Em retaliação à expulsão de Pereira, o governo Temer declarou persona non grata o encarregado de negócios da Venezuela em Brasília, Gerardo Maldonado.
O embaixador titular, Alberto Efraim Castellar Padilla, havia sido convocado pelo ditador Nicolás Maduro em maio de 2016, logo após o afastamento de Dilma.
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