O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou, na noite desta terça-feira, que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) cometerá um erro na condução da política externa se aderir a qualquer lado na disputa comercial entre Estados Unidos e China. Para FHC, a melhor posição para o Brasil é a da neutralidade, adotada nos últimos governos.
“O Brasil tem a vantagem de poder jogar com todos. É um erro tomar partido nesse momento – defendeu o tucano, quando se referia à relação tensa existente hoje entre as duas potências mundiais”, observa.
Na reunião do G20, no último fim de semana, Estados Unidos e China concordaram em uma trégua na guerra comercial e aceitaram trabalhar em um acordo para retirar tarifas de centenas de bilhões de dólares impostos pelos dois países no comércio bilateral.
FHC fez a declaração durante participação num evento organizado pelo Instituto Renova BR, em São Paulo, para comemorar o resultado obtido pelo grupo na eleição deste ano com a vitória de de 18 parlamentares para a Câmara dos Deputados.
Fernando Henrique disse desconhecer o chanceler indicado por Bolsonaro para comandar o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e não quis comentar ideias do futuro ministro sobre um novo posicionamento do Brasil no mundo. O ex-presidente destacou que mais importante do que “intenções” são as atitudes.
“O novo chanceler, não sei quem ele é. Não o conheço. Vamos ver o que ele vai fazer. Temos que parar de julgar intenções e ver o que vai fazer. A meu ver não deve se afastar daquilo que é essencial: o interesse nosso. Não é o interesse da China, dos Estados Unidos nem da Europa”, adverte.
FHC alertou para o que considera ser o mais importante na política externa brasileira a partir do ano que vem. “Temos que ter uma coisa que eles têm (Estados Unidos e China): estratégia. Se não tivermos, quem tiver vai ganhar de nós”, concluiu o tucano.
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