O desinteresse crescente pelas profissões relacionadas à construção civil, especialmente entre as novas gerações, que outrora seguiam os passos familiares, tem se tornado um desafio significativo para o setor, o que compromete a oferta de mão de obra, sobretudo qualificada.
Este cenário de escassez é agravado pela contratação de engenheiros como, por exemplo, auxiliar de escritório, em flagrante desvio de função por várias empresas para pagar menos. Nesse contexto, o Conselho Federal de Engenharia se posicionou por meio de Nota Oficial contrário à nomeação de pessoas sem a habilitação técnica, formação ou registroadequados a cargos de alta relevância, exemplificando o caso concreto da vice-presidência de engenharia de expansão da Eletrobrás.
O recente crescimento do setor da construção civil no Brasil tem trazido à tona essa importante discussão – antiga – sobre a valorização dos profissionais de Engenharia, Agronomia e Geociências, marcada na década de 80 pelo caso do engenheiro formado em metalurgia pelo Mackenzie, Odil Garcez Filho, que após ser demitido e não conseguir emprego, criou lanchonete que se tornou bem conhecida na Av. Paulista, em São Paulo e no país, pelo simbolismo do nome: “O engenheiro que virou suco”, que durou 5 anos e retratou a realidade de milhares de profissionais da época da recessão.
Desinteresse crescente de calouros
Porém, a valorização da profissão passa, necessariamente, pela exigência de qualificação técnica para o gerenciamento de obras públicas e pela importância da defesa pelo Sistema Confea/Crea e de Sindicatos do piso salarial das categorias, muitas vezes desrespeitado até mesmo em concursos públicos, pois isto atrairia mais profissionais e contribuiria para reverter o preocupante e crescente desinteresse do número de calouros, o menor nos últimos 10 anos. Em 2014, eram 469,4 mil ingressantes em graduações da área, número que caiu para 358,4 mil em 2023, último ano com dados disponíveis
Salário mínimo profissional
A falta de interesse pela profissão, verificada também na Paraíba, é um reflexo das condições atuais de trabalho e remuneração, que precisam ser revisadas para acompanhar o boom do setor. A legislação determina que o salário mínimo profissional para engenheiros deve ser o equivalente ao valor de 6 salários mínimos, para uma carga horária de até 6 horas diárias de serviços e de 8,5 salários mínimos, para 8 horas diárias de serviços. A anuidade 2025 devida ao Crea-PB é de R$ 743,88.
Denúncias
É nesse sentido, de proteção aos profissionais, assim como na defesa e garantia de bons serviços prestados à população, que o Sistema Confea/Crea reitera o posicionamento divulgado em Nota Oficial, divulgando, inclusive, a plataforma para denúncias de editais que não cumprem a legislação vigente para as providências cabíveis, neste link.
Cândido Nóbrega
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