A equipe do presidente Lula resolveu mudar o foco da discussão sobre ajuste fiscal, ao abrir um debate sobre medidas que possam ajudar a reduzir os preços de alimentos, que estão disparando e pressionando o já combalido orçamento doméstico das famílias brasileiras. Nessa pisada, o Lula 3 arrisca chegar em 2026 com a economia em recessão e inflação e juros em alta diante de um cenário internacional conturbado.
Não fosse o bastante, a estratégia escolhida impôs novo desgaste ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), até então queridinho do mercado financeiro.
A conjuntura, para muitos parecida a outros momentos das gestões Lula 1 e Lula 2, em que os preços dos alimentos dispararam, porém nada perto dessa derrocada na popularidade do presidente, como agora.
A avaliação negativa do governo Lula, pela primeira vez, é maior do que a positiva e a percepção da população de que o preço dos alimentos subiu no último mês atingiu o pico de 83% dos entrevistados, conforme mostrou o Instituto Quaest, ontem.
Para os agentes mais acreditados do mercado financeiro, o que preocupa muito é que faltando dois anos para terminar o governo, a questão da inflação, que deveria ser enfrentada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, está sendo protagonizada pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), que tem mostrado quase ou nenhuma afinidade com o tema, com atropeladas declarações, desde a mudança no prazo de validade dos alimentos a substituição da laranja por frutas menos caras.
Caso realmente quisesse enfrentar como deveria ser a questão fiscal, o governo ainda teria tempo, promovendo os ajustes necessários nas contas públicos, reduzindo despesas e melhorando a qualidade dos gastos públicos, abrindo espaço para juros mais baixos e criando condições para novas perspectivas. No entanto, como o ambiente já é eleitoral e todo mundo está de olho em 2026, dificilmente haverá qualquer esforço para esse ajuste nas contas públicas, o que vai consolidando um cenário de profundas incertezas para o futuro.
Para os economistas, bateu o desespero no governo por causa das eleições do ano que vem e, com isso, será entregue um crescimento fraco, que pode ser até uma recessão, sem contar com o cenário externo extremamente complicado.
O fracasso do natimorto pacote fiscal desacreditou o ministro Ferando Haddad, que já não convence o mais otimista agente do mercado, o que deixa o país à sua própria sorte, sem crédito e confiança, perdido feito cego em saída de tiroteio.
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