Flavia que nasceu em Itápolis trabalha como copiloto nos Emirados Árabes — Foto: Arquivo pessoal
Aos 31 anos, a copiloto brasileira Flavia Lucilo, nascida em Itápolis (SP), no interior de São Paulo, já alçou grandes “voos”. Um dos maiores, segundo a jovem, foi realizar o sonho de trabalhar em uma empresa aérea nos Emirados Árabes. Há quase cinco anos, Flavia atua como copiloto em Abu Dhabi e almeja mais.
“Eu sou uma pessoa que está sempre aprendendo, sempre procurando crescer na vida. E profissionalmente não sou diferente. O nosso trabalho é muito técnico em termos de criatividade, mas eu sempre tento entregar o melhor de mim e eu pretendo chegar a posição de comandante na empresa que eu trabalho. Algo que eu acredito que será em um futuro próximo porque eu tenho trabalhado e me dedicado para isso.”
Um caminho na aviação que Flavia começou a trilhar ainda na infância na cidade do interior de SP, que tem forte relação com setor por possuir escolas de aviação e um aeroclube. A paixão pelos voos também foi uma herança de família.
Paixão pela aviação começou ainda na infância durante as visitas ao aeroclube de Itápolis — Foto: Arquivo pessoal
“Eu tive muita influência do meu pai, porque ele tem carteira de piloto privado também, ele nunca trabalhou como piloto, mas ele levava eu e meu irmão todo fim de semana no aeroclube, para ver os aviões, para voar e o aeroclube sempre foi uma referência de lugar de lazer para nós”, lembra.
Foi em Itápolis que a jovem iniciou a formação profissional e também teve sua primeira oportunidade como instrutora de voos. No começo, algo que chamou atenção porque havia poucas mulheres no setor e as que tinham eram de fora da cidade.
“Quando resolvi fazer o curso tive muito apoio do meu pai. Até então a gente não conhecia nenhuma itapolitana [nascida em Itápolis] que participasse do curso ou fosse instrutora de voos. As que tinham, que eram poucas, sempre vinham de fora”, conta Flavia.
Além da formação na escola de aviação de Itápolis, Flavia também fez curso de ciências aeronáuticas em uma faculdade de Bauru e acumulou horas de voo como instrutora para alcançar seu objetivo que era trabalhar com a aviação comercial.
Flavia começou a carreira como instrutora de voos em Itápolis — Foto: Arquivo pessoal
Nos Emirados Árabes
A primeira oportunidade surgiu ainda no Brasil, onde trabalhou como copiloto por seis anos, mas ela sempre teve o sonho de trabalhar nos Emirados Árabes. Meta que alcançou após atuar na China.
“Sempre quis [trabalhar nos Emirados] pela segurança que existe nessa região, que se desenvolveu muito e ainda tem muito para se desenvolver. As empresas aéreas dos Emirados Árabes oferecem um serviço de excelência para os passageiros e também ótimos planos para os profissionais. E daqui você voa para todo o mundo. Além disso, tem a diversidade de culturas.”
“Nos Emirados, 80% da população é formada por estrangeiros e num voo, por exemplo, você chega a ter seis nacionalidades diferentes entre as pessoas que compõe a equipe.”
Objetivo profissional da copiloto é chegar a função de Comandante — Foto: Arquivo pessoal
Mulheres na aviação: superando barreiras
“Eu nunca passei por uma situação grave de preconceito por ser mulher. Mas, para quem está em começo de carreira em algo em que as mulheres ainda são minoria sempre acontece. Como, por exemplo, um comentário machista disfarçado de elogio. A mulher tem sempre que provar que está qualificada para função, ser duas vezes melhor”, lembra a copiloto.
Flavia também ressalta que nunca deixou o fato de ser uma mulher em uma profissão onde os homens ainda são maioria ser um obstáculo para alcançar seus objetivos.
“Eu sempre procurei não dar atenção para isso [preconceito por ser mulher] e o fato de estar no lugar que poderia ter sido ocupado por homem, já era suficiente para mim. Eu já estava provando que tinha qualificação para isso”, destaca Flavia.
A copiloto brasileira que acredita que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço na aviação, inclusive nos Emirados Árabes. Ela conta que já chegou a dividir a cabine com outra piloto e atuou em voos onde todos os tripulantes eram mulheres.
Flavia acredita que as mulheres estão cada vez mais ganhando espaço em profissões antes ditas masculinas — Foto: Arquivo pessoal
“Comparado ao número de homens, o número de mulheres ainda é menor, mas desde que comecei tem crescido exponencialmente. E isso é muito bacana porque você vê que a mulher está conquistando o espaço dela, desde que ela tenha os pré-requisitos que a empresa pede, não tem nada que impede ela de exercer a profissão. E no Emirados Árabes, apesar das diferenças religiosas e de cultura, eles são muito incentivadores do crescimento da mulher no mercado de trabalho. Você vê várias mulheres em posição de destaque, você vê várias mulheres piloto.”
Nessa perspectiva, ela espera em breve crescer profissionalmente e ocupar a função de Comandante e incentiva outras mulheres a seguirem seus sonhos.
“O único limite para os nossos sonhos somos nós mesmos. A vida é um leque infinito de oportunidades e muitas delas a gente nem conhece, nem foram desenhadas para gente porque precisamos dar o primeiro passo. E isso só depende de nós mesmos. E é isso o que eu sempre falo para as mulheres, seja na aviação e em outras profissões onde homens são maioria, que depende da gente agarrar as oportunidades e fazer as coisas acontecerem”, finaliza.
Discussion about this post