SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A reprovação ao desempenho de Jair Bolsonaro (PL) caiu de 53% para 46% de dezembro para cá, o que ajuda a explicar a melhoria relativa de sua intenção de voto para tentar permanecer na cadeira de presidente da República em outubro.
Segundo pesquisa do Datafolha feita nos dias 22 e 23 de março, Bolsonaro viu sua aprovação oscilar positivamente de 22% para 25%. A avaliação regular de seu governo passou de 24% para 28%, mostrando o destino da insatisfação anterior em conta precisa -os mesmos 1% não souberam dizer o que acham dele.
Foram ouvidas 2.556 pessoas, todas com mais de 16 anos, em 181 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. A pesquisa está registrada no TSE – BR-08967/2022.
A curva de popularidade de Bolsonaro havia disparado de forma negativa na virada de 2020 para 2021. Sua gestão da pandemia da Covid-19, instabilidade institucional e economia problemática levaram o seu índice de ruim/péssimo subir de 32% em junho de 2020 para 40% no janeiro seguinte.
Dali em diante, subiu até chegar a 53% em setembro, índice que se repetiu em dezembro. Era o momento da apoplexia institucional de Bolsonaro, com as maiores ameaças golpistas também, que levaram à intervenção do centrão no governo.
Agora, houve a queda de sete pontos percentuais desde a rodada anterior, que pode ser atribuída a uma combinação de fatores.
O principal é a série de medidas econômicas que vêm sendo boladas para adaptar o país à realidade turbulenta internacional, cortesia da guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia, iniciada há um mês.
Entre elas, um pacote de até R$ 150 bilhões em bondades para trabalhadores e aposentados, visto como populista por muitos.
É uma equação complexa, já que neste momento inicial a guerra tem efeitos até positivos para a economia, como se vê na baixa do preço do dólar. Mas ela embute uma pressão inflacionária sobre alimentos e combustíveis de proporções ainda insondáveis.
Por ora, a percepção não chegou aos mais pobres, que somam 53% da amostra populacional aferida pelo Datafolha e são alvo de ações de transferência de renda como o Auxílio Brasil.
Entre quem ganha até 2 salários mínimos, Bolsonaro só é ótimo ou bom para 19% -eram 17% em dezembro. É ruim ou péssimo hoje para 49%.
Já entre os mais abastados, o presidente melhorou sua aprovação: subiu para 36% e 37% entre os que ganham de 5 a 10 mínimos e mais de 10, respectivamente, ante 31% e 28% na rodada passada. Eles somam 9% da população.
No mais, Bolsonaro vai melhor entre moradores do Sul (32%, fatia de 15% da população), quem tem de 45 a 49 anos (31% de ótimo/bom, 24% da amostra) ou 60 anos ou mais (32% de aprovação, 20% da amostra).
Como ocorre em todas as pesquisas até aqui, o presidente tem nos empresários (3% da amostra) grande apoio: 44%. Se antes era mais mal avaliado pela sua base evangélica, com 39% de reprovação em dezembro, agora inverteu a equação: tem 35% de ótimo/bom, 31% de regular e 33%, de ruim/péssimo.
Na mão contrária, tem seu pior desempenho entre nordestinos (52%, numa região que concentra 26% dos habitantes do país), que tem curso superior (51%, 21% da amostra), assalariados sem registro e desempregados (54% de ruim/péssimo num grupo com 19% da população).
Um fator a ser analisado para isso é também a sensação de bem-estar que o retrocesso nos números negativos da pandemia de Covid-19 traz, com a consequente redução de restrições nas cidades do país. Além disso, Bolsonaro se retraiu nas críticas a vacinas e outras posições negacionistas que marcaram seu manejo da crise.
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