Uma das principais coordenadoras da Operação Lava-Jato em Curitiba, a delegada da Polícia Federal Érika Marena é cotada para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional ( DRCI ), doMinistério da Justiça, órgão estratégico no combate a crimes internacionais, na gestão do futuro ministro Sergio Moro. A informação foi confirmada ao GLOBO por duas fontes que acompanham a montagem da futura equipe do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
A delegada, que até semana passada era superintendente da PF em Sergipe, almoçou nesta segunda-feira com Moro na sede do gabinete de transição em Brasília. Érika foi nomeada para integrar a equipe do futuro ministro.
No comando do DRCI, a delegada vai participar diretamente da negociação de acordos de cooperação policial e jurídica com outros países para o intercâmbio de investigações que poderão ajudar a elucidar uma série de crimes, desde casos de corrupção, com propina paga no exterior, como foi o caso da Lava-Jato, como transações envolvendo o crime organizado e suas rotas financeiras em outros países.
Para se ter uma ideia da importância do órgão, foi a partir de um acordo de cooperação internacional com a Suíça que a Lava-Jato conseguiu chegar a provas cruciais para comprovar o envolvimento do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha nos desvios da Petrobras. Outros investigados, como ex-diretores da Petrobras, doleiros e empresários também foram presos e condenados após as autoridades brasileiras detectarem recursos ilícitos em contas bancárias no exterior.
Como O GLOBO revelou em agosto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) cobrou formalmente do governo do presidente Michel Temer a criação de uma equipe conjunta de investigação entre Brasil e Espanha para investigar supostos repasses de uma empresa espanhola a políticos e empresários brasileiros. No mesmo ofício, a PGR também cobrou explicações sobre os pedidos de criação de equipes conjuntas formulados por procuradores da Suíça, Argentina, Peru e Paraguai, todas elas desdobramentos da Operação Lava-Jato.
Para procuradores brasileiros, ouvidos pelo GLOBO em agosto, a resistência do governo em autorizar a criação das equipes conjuntas – ainda hoje travadas nos escaninhos da gestão Temer – estava atrasando importantes investigações internacionais.
Antes de ser cotada para comandar o DRCI, Érika foi indicada pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal para a diretoria-geral da PF, ainda durante a gestão do ex-diretor Leandro Daiello. O nome dela voltou a circular recentemente como um dos possíveis nomes para a diretoria-geral gestão Moro, dada a proximidade dela com o juiz. Mas esta hipótese teria sido descartada. O preferido do futuro ministro é o superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo. Antes de aparecer na lista de candidatos a diretor-geral, Érika tinha como uma de suas metas o comando do DRCI.
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