O apresentador Luciano Huck disse ontem, durante um jantar promovido pelo RenovaBR para apresentar os resultados do primeiro ano de funcionamento do grupo, disse que o momento é de ‘trégua’ com o presidente eleito Jair Bolsonaro. “O momento do país não é de formação de oposição, mas é, sim, de diálogo. Acho que a agenda do país hoje, independentemente de ideologia, tem muita coisa que é necessária para que o país não quebre”, afirmou no microfone o comunicador, que quase foi pré-candidato à Presidência da República.
Na entrada, questionado por jornalistas sobre a composição do novo governo, Huck afirmou: “Eu acho que neste momento não é hora de fazer oposição. A gente tem que dar um crédito e ver o que vai acontecer. As agendas que forem positivas para o país, a gente tem que apoiar. E onde a gente não concordar, a gente tem que se manifestar”.
Ele elogia, por exemplo, a pauta do presidente eleito na economia: “Tem uma clara agenda econômica eficiente, tem bons nomes técnicos ali”. Diz que o país deve fazer reformas, mas não pode descuidar da área social nem prescindir da redução da desigualdade, argumento que repisa em suas aparições públicas.
Antes do segundo turno, o comunicador e empresário se opôs à articulação de uma nota anti-Bolsonaro no Agora!, movimento de renovação política do qual faz parte.
O apresentador conduziu no palco uma pequena entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Indagado sobre a política externa de Bolsonaro, que indicou para o Itamaraty o embaixador Ernesto Araújo, FHC palpitou que o Brasil não ganha ao entrar em brigas como a disputa entre Estados Unidos e China.
“O Brasil tem a vantagem de poder jogar com todos. Do ponto de vista do Brasil, é um erro tomar um partido neste momento. Temos que tomar o nosso partido, que é o partido do Brasil”, disse o tucano, sob aplausos.
“Vamos ver o que [o novo chanceler] vai fazer. Não deve se afastar daquilo que é essencial. O interesse é o nosso. Não é nem da China nem dos Estados Unidos nem da Europa. E nós temos que ter uma coisa que eles têm: estratégia”, afirmou.
Instado a aconselhar Zema, o ex-presidente foi genérico: “A essa altura da vida eu aprendi que conselho é inútil. Se você chegou lá e já foi eleito, seja como é. A única coisa importante na vida é autenticidade”.
FHC analisou que a eleição do empresário em Minas é sintoma do que chama de fim do ciclo dos partidos criados em sua geração. “Os partidos atuais estão esfacelados. A sua eleição [referindo-se a Zema], como a eleição do presidente Bolsonaro, é a demonstração de que os partidos não existem mais tal como eles eram.”
Pelas mesas se espalhavam deputados federais eleitos como o ex-ministro Marcelo Calero (PPS-RJ), a cientista política Tabata Amaral (PDT-SP), a advogada Joênia Wapichana (Rede-RR, primeira indígena eleita para a Câmara desde 1982) e o engenheiro João Campos (PSB-PE, filho do ex-governador Eduardo Campos).
Na plateia havia também novos políticos que não tiveram o apoio do Renova e estão na capital paulista para um curso promovido pela organização e pelo Insper para capacitar congressistas estreantes e ensinar o beabá da função. Todos os que exercerão o primeiro mandato foram convidados para as aulas.
Circularam ainda pelo evento a atriz Maitê Proença, que é apoiadora da iniciativa e esteve cotada para assumir o Ministério do Meio Ambiente de Bolsonaro (“Não houve convite. Foi uma ideia de um grupo que queria indicar meu nome”, disse ela à reportagem), a apresentadora Angélica, mulher de Huck, e a modelo Daniella Sarahyba, casada com o empresário Wolff Klabin, um dos idealizadores do projeto.
Com Folha de São Paulo
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