O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) afirmou, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a pandemia de Covid-19 por “uma opção política consciente”. Mandetta também disse que outros ministros e o chefe do Executivo escolheram no que acreditaria e que o protocolo para uso da hidroxicloroquina era “muito bem arquitetado”.
“Joga cloroquina, começa a chamar de vírus chinês, fala que a culpa é da China. Então, não dá para falar da China, fala que é da OMS. Passou o Ministério da Saúde a ser o elemento de raiva: esse é o cara que traz a notícia ruim, fala o que não quero ouvir. Tanto que eles trocam o ministro e uma das primeiras coisas que o ministro militar chega e fala e que não vai mais dar números”, relatou.
Mandetta afirmou que houve polarização entre o prejuízo econômico e a questão sanitária, com influência do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o tema. “O presidente falou: ‘Eu prefiro atender a econômica porque acho que é mais importante que atender a saúde”, disse o ex-ministro sobre declaração de Bolsonaro.
“Não acho que seja despreparo, acho que foi uma decisão consciente, sabendo dos números, apostando num ponto futuro (…) Ele se abraçou na tese da economia, já para ter uma vacina para ele e falar: ‘A economia vai recuperar, fui eu que recuperei, não deixei’. Ele fez uma opção política consciente que colocava em risco a vida das pessoas. Isso foi consciente da parte dele, não tenha dúvidas”, apontou.
Durante a entrevista, ele se disse incomodado com o “falso dilema” entre saúde e economia. Para o ex-ministro, Paulo Guedes olhava muito para o próprio ministério e tinha muita influência junto a Jair Bolsonaro.
“Ele devia chegar no presidente e falar: ‘Esse ministro da Saúde vai parar o Brasil, o mundo vai acabar, vai ter desemprego, gente na rua, quebra quebra. Ele deve ter sido de grande influência para o presidente tomar aquelas atitudes”.
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