A Missão Internacional da China se encerrou na última semana, com provocações importantes sobre o presente e o futuro do setor. Ao longo dos seis dias de imersão realizados em Xangai, os empresários e executivos participantes ganharam uma compreensão valiosa: a megalópole chinesa se consolidou como uma das mais competitivas do mundo por meio da adoção de políticas e estratégias focadas em transformação digital, tecnologias de inteligência artificial (IA), automação e mobilidade urbana sustentável. O investimento em pesquisa e desenvolvimento é outro fator importante.
Esses, porém, não foram os únicos aprendizados proporcionados pelas palestras ministradas por professores da CEIBS (China Europe International Business School) e pelas visitas técnicas feitas a grandes protagonistas, como a Shanghai Spacecom Satellite, estatal chinesa referência em tecnologia espacial; a Yunda Express, uma das maiores empresas de logística e de entrega expressa da China; a Higer Bus, líder na fabricação de ônibus e em serviços de transporte rodoviário de passageiros; e o Porto Internacional de Xangai, o maior do mundo em toneladas transportadas.
Nos discursos dos professores e dos empresários que receberam a delegação brasileira, ficou evidente uma característica marcante do ecossistema de inovação chinês: a forte presença do Estado nas estratégias e nos projetos liderados pela iniciativa privada. Mesmo quando não há investimento direto do governo, as empresas atuam de forma alinhada às políticas governamentais.
Conteúdo compartilhado
Conhecimentos diversos sobre a China Digital, as estratégias de inovação do país e as oportunidades na área de IA foram compartilhados ao longo da semana. A CEIBS discorreu, por exemplo, sobre o investimento maciço em plataformas digitais que usam inteligência artificial e mecanismos de colaboração para o gerenciamento e o monitoramento dos negócios em tempo real.
Também foram apresentados exemplos de cenários de aplicação de aprendizagem profunda – modelos computacionais inspirados no funcionamento do cérebro humano. É o caso de iniciativas relacionadas à condução autônoma no transporte rodoviário e ao monitoramento de segurança e conformidade em centros de armazenamento.
Esses e outros temas foram explorados, sempre com a perspectiva da indústria chinesa e a relevância das estratégias em ESG para o desenvolvimento dos negócios.
Previsão para o futuro
Na sexta-feira (18), último dia de palestras, o professor Jewongen Chiang fez um resumo da semana com foco no modelo chinês de transformação digital, destacando quatro passos fundamentais:
Informatização dos negócios: consolidação de todas as fontes de dados.
Digitalização da informação: criação de uma única fonte balizadora para todas as comunicações e decisões importantes.
Criação de negócios digitais: uso de dados para otimizar o negócio e impulsionar seu crescimento.
Inovação digital: na busca por monetizar ainda mais o valor do cliente.
Chiang também falou sobre o cenário de competição na China, dividido em quatro fases: na primeira, as multinacionais criaram e dominaram os mercados emergentes no país; na segunda, as empresas locais aprenderam; na terceira, as multinacionais e as empresas locais começaram a competir nos mercados de médio e alto padrões; e, na quarta, ambas passaram a conduzir negócios globais a partir da China.
“Essas quatro fases evoluirão em todos os setores. Uns serão afetados mais cedo; e outros, mais tarde. O fato é que a China liderará o desenvolvimento de um novo segmento do mercado global, o de médio porte, que terá impacto no fornecimento global de produtos”, avalia Jewongen Chiang.
Para ele, no futuro, um terço das empresas líderes mundiais serão chinesas; e a inovação impulsionada pelo seu país será determinante para mudar o cenário competitivo global. “As multinacionais precisarão reinventar os seus sistemas empresariais de ponta a ponta e aumentar o seu poder de decisão na China. Deverão fazer isso se desejarem competir no novo mundo que se aproxima”, previu o professor da CEIBS.
Olhar no futuro
Antes da entrega dos certificados de participação, o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, fez uma avaliação dos seis dias de imersão proporcionados pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), pelo SEST SENAT e pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística). “A Missão da China atingiu seu objetivo de tirar os empresários da zona de conforto. Ao longo desta semana, pudemos atestar que aquilo que chamam de futuro já está, de fato, acontecendo na China. Esses dias foram muito importantes para provocar, na delegação brasileira do transporte, pensamentos e raciocínios que vão muito além do nosso setor; eles têm a ver com a economia como um todo. Uma certeza podemos ter: voltaremos para casa com muitas ideias e reflexões”, afirmou.
O diretor adjunto do SEST SENAT, Vinicius Ladeira, endossou a fala de Vander Costa. “Estar em Xangai foi de absoluta valia para entendermos como o mindset chinês e a sua visão estratégica de longo prazo têm sido fundamentais para elevar o país ao status de potência global, impulsionando a sua tecnologia, a sua infraestrutura de transporte e a sua economia. Saímos daqui com o pensamento voltado para o futuro, o que é de vital importância para sabermos como agir no presente”, concluiu o diretor.
A décima edição da Missão Internacional do Transporte aconteceu em Xangai, entre os dias 10 e 20 de outubro. Anteriormente, outras jornadas de inovação acontecerem em países como Estados Unidos (duas vezes), Israel (duas vezes), Dubai, Alemanha, Suíça, Singapura, Suécia e China. Saiba mais sobre as Missões.
→ Outros detalhes sobre a Missão da China podem ser conferidos na próxima edição da Revista CNT Transporte Atual.
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