O Ministério Público pretende oferecer novas denúncias contra o médium João de Deus após ouvir mais de 100 mulheres que dizem ter sido vítimas de abusos sexuais. O órgão já fez a primeira denúncia, contendo quatro vítimas, pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual. Ele está preso no Núcleo de Custódia e nega todas as acusações.
Além disso, os promotores querem oferecer uma denúncia para tratar das armas encontradas na casa do médium, em Abadiânia. Durante uma busca em endereços ligados a João de Deus, além do armamento, foi encontrado R$ 1,6 milhão em dinheiro, inclusive estrangeiro.
“Há agendamentos a semana que vem e início de janeiro de novas vítimas para prestar depoimentos e, ao mesmo tempo, nós trabalhamos com aqueles casos que já recepcionamos os depoimentos. Em alguns casos muito maduros a intenção é já passar para uma fase de elaboração de denúncias”, disse a promotora Gabriella de Queiroz Clementino.
Denúncia
A primeira denúncia contra o médium foi entregue no Fórum de Abadiânia na tarde de sexta-feira (28). O documento contém o relato de 19 mulheres que dizem ter sido abusadas pelo médium. Destas, 12 procuraram o Ministério Público e sete, a Polícia Civil. Algumas são de outros estados, mas não foi divulgado de quais.
- Quatro casos, todos entre abril e outubro de 2018, compõem a denúncia; dois por violação sexual e dois por estupro de vulnerável;
- Dez casos prescreveram ou decaíram. Eles aconteceram nos anos de 1975, 1987, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 (2 casos), 2015 e 2018;
- Outros cinco casos ainda precisam de mais diligências e investigações para serem concluídos.
Prisão
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.
A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Portanto, o pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia decidido até esta sexta-feira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
A Justiça estadual chegou a conceder a prisão domiciliar para o médium João de Deus pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, mas, conforme documento, ele continuará preso por violação sexual.
Situação atual
- Ministério Público Estadual de Goiás denunciou João de Deus por violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável no dia 28 de dezembro;
- Médium está preso desde o dia 16 de dezembro;
- Ele é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
- João de Deus prestou depoimento para a Polícia Civil, quando foi preso, e ao MP-GO, no dia 26 de dezembro;
- Esposa do médium foi ouvida pela Polícia Civil e disse que não sabia de crimes;
- Defesa teve dois habeas corpus pelos crimes sexuais negados e foi ao STF; Justiça concedeu prisão domiciliar por posse de armas;
- MP recebeu mais de 600 emails pelo endereço denuncias@mpgo.mp.br e identificou cerca de 260 vítimas em seis países;
- Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP tinham entre 9 e 67 anos ao serem abusadas, conforme relatos;
- Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Ministério Público já ouviu mais de 100, até o dia 28 de dezembro;
- Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
- Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus;
- Casa Dom Inácio de Loyola segue funcionando, mas registrou queda de 50% no movimento;
DENÚNCIAS CONTRA JOÃO DE DEUS
G1
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