Pesquisadores vão analisar os cinco exemplares do peixe-leão, encontrados em Fernando de Noronha para entender que animais eles estão consumindo e se eles estão em fase reprodutiva, entre outros pontos. A espécie invasora e venenosa é considerada por especialistas um risco para o ecossistema local e para seres humanos.
O Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) realizou uma parceria o Projeto Conservação Recifal (PCR) para que sejam realizados os estudos e entrega de amostras para outras instituições.
O diretor do projeto e doutor em biologia marinha Pedro Pereira explicou que os cinco peixes da espécie Pterois volitans foram congelados e seguem para o Recife ainda nesta quarta-feira (1º).
“Vamos realizar análise genética e do conteúdo estomacal. Queremos saber, entre outras questões, qual foi a alimentação dos animais. Nós também vamos analisar para saber se estão em fase reprodutiva”, declarou o pesquisador.
Pereira afirmou que ficou responsável por enviar amostras dos peixes-leão para a Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos para que também sejam realizadas análises nessas instituições.
Os pesquisadores também analisam os locais em que os bichos foram encontrados na ilha. “Esse animal aflorou em Fernando de Noronha. Foi identificado porque tem muita gente na água. Infelizmente, a tendência é que já tenha a presença do peixe-leão em outros locais de recifes profundos da costa do Nordeste”, falou Pedro Pereira.
O peixe-leão tem espinhos venenosos, que contêm uma toxina que pode causar febre, vermelhidão e até convulsões aos seres humanos. A espécie é um predador e pode consumir espécies endêmicas, que só ocorrem nessa região, além de causar um desequilíbrio ecológico.
Capturas
Peixe-leão foi capturado em Noronha — Foto: Fernando Rodrigues/Sea Paradise
A primeira captura do Pterois volitans ocorreu em dezembro de 2020, no ponto de mergulho na Laje dos Cabos, em uma profundidade de 28 metros.
Foram quase oito meses até que fosse encontrado novamente, no dia 3 de agosto, a 32 metros de profundidade – esse foi o primeiro registro em 2021.
O terceiro peixe-leão foi visto e retirado do mar no dia 11 de agosto, numa profundidade de 18 metros, e o quarto, em 24 de agosto, numa profundidade de 27 metros.
A quinta captura aconteceu no sábado (28), nas proximidades da praia da Cacimba do Padre, numa profundidade de 20 metros, totalizando quatro peixes localizados em menos de um mês.
Treinamento
Ricarado Araújo deu orientações aos mergulhadores — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
Na noite da quarta-feira (31), o ICMBio promoveu a segunda capacitação com mergulhadores para repassar informações sobre a espécie invasora venenosa. Os servidores do instituto falaram sobre o meio ambiente de Fernando de Noronha e os impactos que o peixe-leão podem causar.
O coordenador de Pesquisa e Manejo do instituto, Ricardo Araújo, informou que o peixe invasor pode colocar até 30 mil ovos em apenas uma postura e consegue se alimentar de 20 outros peixes em meia hora.
Araújo reforçou a necessidade de informar imediatamente ao ICMBio quando o bicho for encontrado. “Nós orientamos anotar o local, profundidade e, se possível, fazer uma foto. Caso tenha condição, é importante sinalizar o ponto”, indicou o coordenador de pesquisa do órgão ambiental.
Informações do peixe-leão repassadas no treinamento do ICMBio — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
Os estudiosos acreditam que o peixe-leão encontrado na ilha pode ter vindo do Caribe. Em outubro, especialistas do Parque Nacional do Bonaire, no Caribe, chegam em Noronha para ajudar no combate à proliferação do peixe-leão.
Ricardo Araújo afirmou que o ICMBio vai criar um protocolo para autorizar que os barcos possam ter a bordo um arpão e recipiente para captura, que atualmente é proibido. Esse material só poderá ser usado para recolher o peixe-leão.
Peixe-leão — Foto: Arte/G1
G1PE
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