A Petrobras pode anunciar a venda da refinaria de Pasadena, no Texas, até o fim do ano. De acordo com fonte do setor, a estatal brasileira já está em conversas avançadas com a americana Chevron e as negociações já estariam na diretoria da estatal há pelo menos 50 dias. A polêmica refinaria, que está na origem das investigações de corrupção na Petrobras reveladas pela Operação Lava-Jato, está à venda desde fevereiro.
O negócio envolve ainda a venda de um terminal marítimo e de um terreno estrategicamente localizado no canal marítimo de acesso a Houston, no Texas. Esses ativos são empresas separadas controladas pela Petrobras America Inc. (PAI), subsidiária da Petrobras nos Estados Unidos. Pasadena tem capacidade de processamento de 110 mil barris de petróleo por dia.
— As conversas entre a Petrobras e a Chevron ainda estão em curso. Mas ainda não está nada definido. O processo é complexo e está em análise. Há discussões internas na Petrobras se será feita a venda de 100% ou de parte do ativo— disse uma fonte do setor.
No início de outubro, a Petrobras anunciou que essa mesma subsidiária (a PAI) e a americana Murphy vão unir suas operações no Golfo do México, principal região produtora de petróleo no mar dos EUA. O negócio, que envolve 17 campos de petróleo em águas profundas e rasas, vai permitir uma entrada de US$ 1,1 bilhão.
As
negociação de Pasadena é parte da estratégia da companhia, que busca equilibrar suas contas e reduzir seu endividamento por meio da venda de ativos. A meta para o período de 2017-2018 é levantar US$ 21 bilhões. Neste ano, a empresa obteve US$ 4,8 bilhões no acumulado até julho.
A compra da refinaria de Pasadena foi, desde o início, cercada de polêmica. Em 2006, a Petrobras arrematou fatia de 50% no empreendimento por US$ 360 milhões. O montante é superior ao valor desembolsado pela empresa belga Astra Oil, que havia comprado um ano antes 100% da refinaria por US$ 42,5 milhões. Em delação premiada, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró informou que houve pagamento de propina na operação.
Posteriormente, a Petrobras se desentendeu com sua sócia no empreendimento, a Astra Oil. Após um processo de arbitragem, foi obrigada a comprar os outros 50% do capital. A refinaria acabou custando, no fim, US$ 1,18 bilhão à Petrobras. A compra foi realizada no período em que a ex-presidente Dilma Rousseff comandava o Conselho de Administração da petroleira. Na época, ela justificou a decisão alegando que ela foi tomada com base em um relatório falho.
Procuradas, as empresas não comentaram.
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