Em virtude da recente escalada do dólar, o preço do diesel vai aumentar nas refinarias no próximo sábado, dia 1º de setembro. A alta valerá também para os importadores que aderiram ao programa de subvenção feito pelo governo para encerrara greve dos caminhoneiros, no primeiro semestre. O aumento ficaria entre R $0,12 e R$ 0,17 por litro, segundo estimativa feita por Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O litro custa hoje R$ 2,0316 nas refinarias.
Outro fato é a mudança de cálculo do preço de referência, anunciada ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). “O aumento terá de ser repassado aos consumidores, não tem jeito”, disse Pires.
A política de subsídio adotada pelo governo para o diesel tem custo estimado de R$ 13,5 bilhões — dos quais R$ 9,5 bilhões são custo direto do Tesouro e R $4 bilhões são referentes à redução de impostos.Mesmo assim, para o consumidor final, o preço deve ficar mais alto.
Segundo Leonardo Gadotti, presidente da Plural, associação que reúne as distribuidoras, somente uma redução no câmbio evitaria reajuste maiores nos próximos meses. “Se continuar a tendência da valorização do dólar, os preços vão aumentar e serão repassados aos consumidores”, disse Gadotti.
Quanto à nova fórmula da ANP para a concessão do subsídio, cujo cálculo será aplicado em 31 de agosto, esta levará em conta os custos de movimentação e armazenagem em quatro terminais portuários brasileiros e os custos para entrega do produto nas cinco regiões do país. O preço base do diesel será alterado todo dia 1º de cada mês, até dezembro. Em 1º de janeiro, o subsídio de R$ 0,30 será retirado.
CUSTO ABAIXO DO REAL
A nova fórmula leva em conta os custos de importação em quatro portos: Paranaguá, Santos, Itaqui e Suape. Considera ainda os custos do transporte do produto do porto ao ponto de venda nas regiões Norte, Nordeste e Tocantins, Sul, Centro-Oeste e Sudeste. E, por fim, as diferenças nos preços do frete para essas diferentes regiões.
Representantes do setor, no entanto, consideraram a fórmula insatisfatória. Segundo Sérgio Araujo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), ela inviabilizaria as importações:
—A resolução da ANP considera alguns custos muito abaixo dos realmente praticados, como os de armazenagem e fretes, o que inviabiliza as importações de diesel.
Os preços de venda do diesel nas refinarias e importadores estão congelados desde maio, por causa do acordo feito pelo governo para encerrar a greve dos caminhoneiros, que estabeleceu o subsídio de R$ 0,30 por litro, além do desconto de R$ 0,16 em impostos.
—O R $0,30 por litro de subvenção do governo não será suficiente, agora, para cobrir os preços de comercialização. Mas isso poderá mudar se a cotação do dólar cair ao longo do mês —afirmou Pires.
O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, não quis comentar uma possível alta dos
preços do diesel a partir do dia 1º. Mas ressaltou que os preços não estão congelados:
— Esse é o modelo da subvenção de R$ 0,30 via Tesouro e R$ 0,16 via impostos. Não houve um congelamento do preço do diesel, o mercado não foi revogado, o que houve foi uma subvenção temporária. O mercado continua funcionando.
Com Valor Econômico
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