O diretor do Departamento de Regulação Estadual, Eduardo Elsade, afirmou em entrevista ao Bom Dia Rio Grande, da RBS TV, que o estado “tem mais gente precisando de atendimento do que a capacidade instalada”. Por volta das 10h desta quinta, a ocupação de leitos de UTI adulto estava em 100,6% no estado.
“Se faz uma escolha por gravidade”, diz Elsade sobre a fila de espera por leitos no RS.
Ele explica que o escalonamento de gravidade dos pacientes é classificado por cores — amarelo, laranja e vermelho.
“A gente ainda consegue encaminhar os pacientes vermelhos para dentro dos hospitais, mas os outros a gente fica manejando em unidades de pronto atendimentos, leitos de emergência nos hospitais, e esse vai ser o remanejo da crise, provavelmente, até que se consiga controlar esse momento da pandemia”.
Na última semana, o Rio Grande do Sul registrou mortes de pacientes com Covid que aguardavam leitos de UTI. Sobre o tempo de espera por uma vaga, o coordenador explica que isso varia muito da situação do paciente.
“Casos mais graves a gente tenta transferir imediatamente, e depende da região, depende das condições de transporte do paciente, tem casos que, quando chega o pedido, o paciente não tem mais condição de transporte, às vezes, está numa região em que a oferta é mais difícil, que o paciente tem que viajar para mais longe. Essas dificuldades, nesse período da pandemia, elas acontecem. Ainda não numa escala grande, mas, pontualmente, a gente já teve pacientes que faleceram aguardando remoção para um leito de UTI”, diz.
O diretor afirma que as centrais de regulação são bastante organizadas no estado, que ainda se consegue fazer encaminhamentos dos casos graves, mas, não mais, da maneira ideal.
“Atualmente, sistema de saúde está quase no seu máximo, a gente está sob o plano de emergência hospitalar, que foi organizado já desde o início do ano passado, a gente esperava não chegar nesse momento, mas chegamos”.
‘Máximo de cuidados’
Elsade fala da importância de um “pacto de sociedade”. O sistema de saúde tem que dar o máximo, e a população precisa obedecer as restrições impostas pelo distanciamento controlado, evitando a disseminação do coronavírus.
“O máximo de cuidados, máximo de distanciamento possível é fundamental nesse momento para a gente conseguir salvar o maior numero de vidas possíveis”.
“Todos os profissionais estão convocados para irem a seus hospitais, inclusive equipes extras para abrir leitos onde for possível, em salas de recuperação, em leitos emergenciais, a gente tem tudo isso mapeado e organizado. Vamos ter hospitais trabalhando com 120, 130, 140% da sua capacidade de leitos de UTI”.
Aumento de leitos no RS
A capacidade hospitalar do Rio Grande do Sul não suporta o crescimento atual no número de pacientes internados em unidades de terapia intensiva. Desde o início da pandemia, o estado vem aumentando o número de leitos de UTI, mas com o crescimento atual do contágio de coronavírus, a situação se tornou crítica.
“Até aqui foi suficiente [sistema de saúde], essa nova variante que está percorrendo o país pegou todo mundo de surpresa, não tinha nenhum gestor que estivesse preparado para essa mudança de perfil da epidemia”, afirma Elsade.
O diretor de regulação explica que tanto o sistema público quanto o privado estão lotados.
“Até porque a rede pública, até por uma questão de obrigação, se preparou mais que a rede privada. Nós aumentamos no Rio Grande do Sul mais de 120% dos leitos de UTI, hoje temos 2.223 leitos de UTI, quando tínhamos, no início do ano passado, 933. E a rede privada não aumentou na mesma proporção, a gente está, inclusive, convocando os hospitais privados a aumentarem a sua capacidade de atendimento”.
Essa semana, a SES determinou também a ampliação dos leitos clínicos. Um ofício foi produzido e encaminhado aos hospitais para que ofertem, no mínimo, 50% dos seus leitos clínicos para tratar pacientes Covid.
Com essa ação, a secretaria espera aumentar para 11 mil a disponibilidade de leitos clínicos no estado — na terça (2), havia 6.456 leitos clínicos Covid disponíveis.
G1
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