O financiamento dos seus estoques, a busca pelo mercado de créditos de
descarbonização (CBios) que começam a ser negociados na Bolsa de Valores
B3, como também a certificação CARB (California Air Resources Board),
exigida para exportação às empresas que atendem aos mais exigentes
padrões de sustentabilidade durante o processo produtivo, são movimentos
registrados pelo setor sucroenergético para superar a crise econômica em
decorrência da pandemia do Covid-19, segundo o presidente do Sindicato
da Indústria de Fabricação de Álcool na Paraíba (Sindalcool), Edmundo
Barbosa, em site nacional.
O setor, que representa 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,
reúne produtores de cana-de-açúcar, trabalhadores do setor químico e da
alimentação, cooperativas e agroindústrias responsáveis pela produção de
açúcar, etanol e bioeletricidade no país.
Na Paraíba, representa uma cadeia produtiva que inclui sete usinas e
destilarias, incluídos 1500 mil produtores rurais com a geração de
21.800 empregos diretos e 44.000 postos de trabalho indiretos, em mais
de 26 cidades.
Segundo o executivo, as usinas estão agora diante da maior crise de
demanda. A situação de estoques altos e a necessidade de caixa trouxeram
contração neste setor que vive competindo contra o petróleo. “Sabemos
todos que o petróleo está sendo comercializado com preços negativos. A
crise de demanda é mundial”, disse Edmundo.
Ao Jornal Cana, Edmundo lembrou que a máxima eficiência alcançada pela
agricultura brasileira na cana-de-açúcar se defronta contra as ações
nefastas e ilusórias do protecionismo que cresce entre os países. Ao
injetar 2 trilhões de dólares na economia americana nos últimos dias,
Trump apenas amenizou a situação caótica interna.
Ao falar sobre a retomada do crescimento do setor, o presidente do
Sindalcool lembrou que as usinas irão recuperar a competitividade e
deverão concorrer em breve com o petróleo, devendo se situar na média
histórica de US$ 42.00, o barril. “Nessas condições deve haver redução
de produção por uma safra. A média histórica do preço do petróleo deverá
se recuperar para esse patamar”, adiantou.
Edmundo apontou ainda outra vertente favorável ao setor, que será a
retomada dos biocombustíveis, por consumidores que perceberam nestes
produtos, a solução para a prevenção contra surtos ainda mais graves do
que a Covid-19.
“Além da ajuda das políticas implementadas pelo Governo Federal, as
empresas precisam de estratégias para salvar os empregos no setor, e
dentre as atitudes, é preciso implementar a chamada “warrantagem”, onde
o título “Warrant”, emitido pelo vendedor de uma commodity, garante o
crédito e o valor de mercadorias em depósito”, adiantou Edmundo Barbosa.
Ao Jornal Cana, o presidente do Sindalcool lembrou que a recuperação da
crise no setor se dará em prazo lento, num médio prazo, entre cinco anos
ou mais, não devendo ser esperados saltos na economia pós Covid-19. “A
maior estabilidade na condução das políticas internas é desejada por
todos que investem. O momento é de crise de confiança, pois são muitos
fatores baixistas ao mesmo tempo, inclusive na desunião interna”,
destacou.
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