A sete dias do fim da campanha, apenas 52% das crianças menores de cinco anos se vacinaram contra a poliomielite (paralisia infantil) em João Pessoa.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cerca de 21,6 mil crianças foram imunizadas desde o dia 8 de agosto. A meta é imunizar pelo menos 39,1 mil crianças, o que corresponde a 95% do total de 41,2 mil que moram na cidade. A campanha de vacinação contra poliomielite segue até 30 de setembro.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a vacinação contra a poliomielite segue o seguinte esquema:
Esquema básico (Vacina Inativada Poliomielite – VIP)
- 1ª dose a partir dos dois meses de vida
- 2ª dose aos quatro meses
- 3ª dose aos seis meses
Reforços com a ‘vacina da gotinha’
- As crianças de 15 meses a 4 anos deverão tomar uma dose da Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses de Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico.
“A vacinação é a primeira prioridade em saúde pública. Vamos vacinar, vamos proteger as crianças e os adolescentes”, apelou o doutor Akira Homma, assessor sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, em encontro com profissionais de saúde da Capital paraibana, nessa quinta-feira (22). A reunião fez parte do Projeto de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), promovido pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)/Ministério da Saúde.
“Estamos com esse projeto pela cobertura das vacinas, mas estamos identificando quedas significativas na cobertura vacinais. Temos que ter 95% da cobertura vacinação no mínimo, o ideal é 100%, e isso tá caindo e quando cai, ano a ano vai acumulando crianças não vacinadas”, informou Lurdinha Maia, assessora clínica da Fundação Bio-Manguinhos/Fiocruz. “Foi o que aconteceu com o sarampo, a doença voltou a circulação e o Brasil perdeu o certificado de eliminação da doença por conta disso. Hoje, infelizmente, tem sarampo no País’, lamentou.
O projeto busca avaliar soluções com dinâmicas alternativas de reverter o cenário atual de baixa cobertura vacinal, trocar ideias e criar planos, mobilizando, conectando, criando e fortalecendo redes de informação e assistência.
“A Pastoral da criança, por exemplo, será uma rede de apoio para ajudar a aumentar a cobertura. Vamos trabalhar e buscar uma estratégia para a reversão dessa baixa cobertura. Temos que buscar soluções eficientes, trabalhar as causas e discutir esses modelos para converter o que temos visto atualmente,” enfatizou Akira Homma. “Uma baixa cobertura vacinal de crianças desprotegidas é um desastre anunciado e é injustificável uma criança morrer em decorrência a uma doença imunoprevenível, a exemplo de tétano, difteria, sarampo e pólio”, destacou.
Riscos da doença
A poliomielite é uma doença que provoca enfraquecimento ou paralisia de músculos dos ombros, braços, costas, polegares, como também dos que atuam no correto posicionamento dos pés e joelhos e que respondem pelo movimento dos quadris e pela ação de abrir e fechar as pernas.
A infecção pode acontecer pelo contato com objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores do vírus. Parece estranho, mas isso pode ocorrer, sim, principalmente devido ao descuido com a higiene das mãos ou higienização de alimentos. Também é possível se contagiar por meio de gotículas expelidas pela pessoa infectada durante fala, tosse ou espirro.
Uma pessoa infectada pode espalhar o vírus para outras pouco tempo antes e até duas semanas após o aparecimento dos sintomas (gripe, infecções gastrintestinais, flacidez, perda da força muscular e dos reflexos). O risco maior é esse vírus se espalhar rapidamente na comunidade.
Vinte e oito países já registraram o retorno da poliomielite devido à queda das coberturas vacinais. Paquistão e Afeganistão são países endêmicos. Há surtos da doença em 33 países na região do Mediterrâneo Oriental, na África e na Europa. Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Panamá, Paraguai, Haiti, Peru, República Dominicana e Venezuela são países com alto risco de retorno da doença.
“Enquanto uma única criança estiver infectada, crianças no Brasil e em todos os países estão ameaçadas de contrair a poliomielite”, alerta a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Só a vacina pode garantir proteção contra a paralisia infantil.
Portal Correio
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