Quem disse que ambiente hospitalar precisa ser chato e monótono? Para superar a mesmice gerada na internação, a equipe multidisciplinar do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), deu início na sexta-feira (14), ao Cine Cuidar, inicialmente oferecido aos pacientes oncológicos da hematologia, que normalmente passam por um período maior de internação. A ideia é que a atividade aconteça inicialmente uma vez por mês, e seja incorporada na rotina de outros internos da unidade.
Segundo a psicóloga do HSVP, Ellen Fernandes, a princípio o objetivo era retirar um pouco os pacientes do leito, principalmente os pacientes da hematologia que carecem ficar mais tempo no hospital em razão dos ciclos da quimioterapia e impede o retorno para casa por conta da imunidade baixa. “A nossa intenção é trazer um momento de descontração, que pudessem sair um pouco das quatro paredes de um leito, dessa rotina hospitalar que a gente não consegue mudar tanto”, disse.
Para a nova programação cultural e de entretenimento, as profissionais envolvidas precisaram imergir no mundo da telona, criando uma atmosfera e ambiente propícios a atividade com a criação de um ingresso temático e escolha do cartaz, preparo de lanches típicos para o momento como pipoca e bolo. “A gente queria não só adaptar o momento, mas favorecer a imersão deles na atividade”, lembrou Ellen.
Na escolha do cartaz, os organizadores escolheram um filme de estilo comédia: “Minha mãe é uma peça”, que pudesse proporcionar alegria e trazer muitas reflexões, mas que fosse leve e engraçado. “A ideia foi muito positiva e a intenção era fazer com que os telespectadores pudessem refletir depois. Eles gostaram bastante da iniciativa, principalmente, em saber que foram os pioneiros nesse tipo de atividade no hospital”, lembrou a psicóloga.
“A gente não conseguiria proporcionar esse momento sem a participação da colaboração de cada pessoa da equipe multi que envolveu profissionais da psicologia, assistência social, fisioterapia, nutrição e enfermagem. São nesses momentos em que a gente precisa fazer coisas diferentes e que necessita contar com a ajuda de outras pessoas acaba se tornando mais leve”, destacou Ellen Fernandes.
Para a psicóloga Maria Fernanda Milanez, o Cine Cuidar foi uma experiência bem agradável que aliou ainda aventura e alegria. “Quando chegamos para apresentar a novidade aos pacientes e acompanhantes, vimos in loco a satisfação deles e surpresa em saber que no São Vicente ia ter esse tipo de atividade. Foi um momento especial e gratificante poder viver esse momento com eles, e vemos em seus semblantes a satisfação de estarem ali, um pouco mais próximo de casa, esquecendo do ambiente hospitalar”, revelou.
Internada há 30 dias no hospital, a paciente Késsia Pereira destacou que a ideia foi maravilhosa, uma forma de retirá-los da prisão do quarto. “Não vemos nem as horas passarem e esse projeto foi bastante interessante e ficamos surpresos com a ideia. Foi incrível!”, disse.
Ela lembrou que se viu no filme, pois tem três filhas e a rotina é exatamente aquela de preocupação e orientação. “Quem é mãe se viu naquele filme. Os filhos muitas vezes têm uma visão equivocada do papel da matriarca que muitas vezes é tida como chata”, rememorou Késsia.
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