O cenário de pandemia de coronavírus preocupa toda a população, mas um público em especial, formado por pacientes com doença neuromuscular, precisa tomar muito mais cuidado neste momento. É o que alerta a médica Isabella Araújo Mota, neurologista responsável pela Neurorreabilitação do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), vinculado à Rede Ebserh. Entre as doenças neuromusculares, estão Esclerose Lateral Amiotrófica, Distrofia Muscular de Duchenne e Atrofia Muscular Espinhal (AME).
Pacientes com doença neuromuscular, explica a especialista, têm maior incidência de mortalidade, morbidade ou internamento hospitalar devido a acometimentos respiratórios, como insuficiência respiratória e infecções respiratórias. Isso ocorre porque esse público apresenta debilidade dos músculos respiratórios, com consequente comprometimento do ato de tossir, de respirar e de eliminar secreções.
“Então, às vezes, um processo infeccioso que poderia se resolver tranquilamente em uma pessoa sem doença neuromuscular pode se tornar algo mais sério em quem tem a doença, e as alterações respiratórias, na verdade, são a principal sintomatologia clínica do coronavírus”, esclarece. A Covid-19 é uma doença que se caracteriza por sintomas leves, como dor de garganta, tosse, febre e fadiga, mas pode ser mais grave para algumas pessoas, causando pneumonia ou dificuldade de respirar.
Também por isso, o isolamento social de quem tem alguma doença neuromuscular é imprescindível na prevenção contra o coronavírus. Ou seja, a recomendação “fique em casa” deve ser seguida à risca por esse público. Conforme a neurologista Isabella Mota, se o paciente com doença neuromuscular está estável, não há necessidade de ir a uma consulta de rotina, podendo remarcá-la para um momento oportuno. Se for necessário pegar algum laudo ou prontuário, outra pessoa pode fazer isso em nome dele.
Caso o paciente necessite de um cuidador, esse profissional também precisa ficar atento às práticas de higiene, como lavar as mãos ou utilizar álcool em gel. Importante: visitas não são aconselháveis, porque as complicações decorrentes desse encontro podem ser impactantes para a saúde de quem possui doença neuromuscular.
Aos pacientes que fazem fisioterapia motora ou respiratória, a recomendação da médica Isabella Mota é não parar com os exercícios, mesmo que seja em casa. “Tente replicar os exercícios que você faz nas clínicas, com o fisioterapeuta ou o fonoaudiólogo, mas evite sair. Obviamente, alguns pacientes não podem evitar, terão de ir, de toda forma. Para esse tipo de situação, a orientação é que vá em um horário mais tranquilo e que tenha todos os cuidados de higiene, para evitar a contaminação pelo coronavírus”.
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