O vice-presidente da Federação Interestadual dos Transportes Rodoviários Autônomos de Cargas e Bens do Nordeste (Fecone), Wilton Valença Nery, fez duras críticas à chamada “uberização” do transporte de cargas no País. A utilização de aplicativos de celular para intermediar o contato de clientes com caminhoneiros que praticam preços muito abaixo dos valores de mercado vem prejudicando o setor e precarizando as relações profissionais.
Para Wilton Nery, que também é presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Pernambuco (Sintracape), essa prática vai sucatear a frota de caminhões e inviabilizar totalmente a luta da categoria em defesa de leis importantes para o setor, como a lei do frete mínimo.
“Eu sou totalmente contra. A gente tem uma categoria que se esforça para sobreviver há tanto tempo, que paga seus impostos. Aí de repente chega uma empresa que não recolhe sequer a metade desses impostos e começa a explorar o mercado através da internet. As pessoas que se submetem a botar seu equipamento e seu trabalho nesse sistema, dia e noite, por um preço marginalizado precisam entender que ninguém vai sobreviver a isso”, avalia.
Marginalização de preços
Segundo ele, a chamada “uberização” tende a levar o serviço a um preço marginal, que não sustenta o mercado e não remunera dignamente o profissional e sua família. “Então, pra mim, o Uber é uma pessoa que não encontrou colocação dentro do mercado e está fazendo um ‘bico’. E se for para a sociedade viver de bico, vai continuar todo mundo na miséria e acabando até com o carro e o caminhão que conseguiu conquistar”, criticou Wilton Nery, que participou na semana passada da assembleia da Fecone em João Pessoa.
Sobre a atividade promovida pela Federação, ele considerou muito interessante o conjunto de informações apresentado aos representantes dos sindicatos de todos estados da região Nordeste. Segundo o vice-presidente da Fecone, as expectativas do setor com o novo governo são positivas, principalmente em relação à atuação do Ministério do Trabalho.
Ele comentou informações repassadas durante a assembleia pelo presidente da Federação, Eduardo Oliveira, sobre a formação de novas entidades em Pernambuco de forma apressada e suspeita. “Mas a gente vê dentro do Ministério do Trabalho alguma coisa de novidade chegando. Vamos esperar que sobrevivam apenas os sindicatos legítimos e verdadeiros”, avalia.
Tabela de frete
Presente também à assembleia da Fecone, o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado da Bahia (Sindicam-BA), Jorge Carlos da Silva, faz uma avaliação sobre a tabela de frete. Ele acredita que o setor precisa de uma fiscalização mais eficiente por parte da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) para que o preço mínimo seja cumprido.
Jorge Silva conta que há cerca de dois meses protocolou um ofício junto à Agência Nacional, em Brasília, pedindo que os sindicatos do país fizessem uma parceria com a ANTT e a Polícia Rodoviária Federal, de modo a facilitar a fiscalização e o cumprimento da tabela, que até hoje vem sendo desrespeitada.
Assessoria
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