O Hospital Padre Zé finalizou, nesta sexta-feira (10), o processo de venda de uma caminhonete Chevrolet S10, que havia sido comprada pelo padre Egídio de Carvalho, antigo diretor-presidente da unidade de saúde. O veículo foi vendido à vista por R$ 177.300,00 e todo o dinheiro vai ser revertido para operacionalização do hospital.
Como apurado, o veículo foi comprado por uma empresa distribuidora de produtos, com sede em João Pessoa. De acordo com a tabela FIPE, especializada no valor de veículos novos e usados, a caminhonete estava avaliada em R$ 219.865,00.
Com a venda, a diferença entre a avaliação da tabela e a maior oferta no leilão foi de R$ 42.565,00
O novo gestor do Hospital Padre Zé, padre George Batista, optou por vender o veículo em um leilão público, no formato carta proposta fechada, porque identificou que a caminhonete não era essencial para a funcionalidade do hospital.
Padre Egídio de Carvalho, que comprou o veículo anteriormente, é investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por desvios milionários de recursos financeiros e equipamentos doados ao hospital.
Entenda a investigação contra padre Egídio
O escândalo no Hospital Padre Zé veio à tona no mês passado, após uma denúncia de furto de celulares no local. Os equipamentos haviam sido doados pela Receita Federal para o hospital e deveriam ter sido vendidos em um bazar beneficente para angariar recursos para o hospital.
Porém, os celulares foram furtados e vendidos e as investigações apontam para o envolvimento do Padre Egídio de Carvalho, que era diretor-presidente da unidade, e do ex-funcionário Samuel Segundo.
Em meio ao escândalo do furto dos celulares, o padre Egídio de Carvalho Neto, renunciou ao cargo de presidente do Hospital Padre Zé. O pedido foi aceito pelo arcebispo Dom Manoel Delson.
Padre Egídio estava há mais de cinco anos à frente do hospital, fundado há quase 90 anos. Além de estar na gerência da unidade, ele também atuava como pároco da Igreja Santo Antônio, cargo do qual também renunciou.
Furto de meio milhão
No dia 2 de outubro, a Justiça autorizou o bloqueio de contas e a quebra de sigilo bancário de Samuel Segundo. O pedido de quebra de sigilo e bloqueio foi feito pela delegada Karina Torres, da Polícia Civil, conforme apurou, e contou com ‘prints’ de conversas de Samuel negociando a venda de iPhones e outros itens.
A delegada apontou que “restou evidenciado, com fulcro na investigação, que Samuel Segundo incorreu no delito de furto qualificado, causando o prejuízo de R$ 525.877,77, referente aos produtos furtados no interior do Hospital Padre Zé”.
Operação do Gaeco
No dia 5 de outubro, o padre Egídio de Carvalho foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público do Estado da Paraíba (Gaeco). Conforme apurou com exclusividade, além do pároco outras pessoas da administração do hospital também foram alvos.
Entre estas pessoas está a diretora administrativa do hospital, Jannyne Dantas e a tesoureira da unidade hospitalar filantrópica, Amanda Duarte. Segundo apurou, na ocasião, a operação tem como objetivo apurar os fatos que indicam possíveis condutas criminosas ocorridas no âmbito do Instituto São José, do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA).
Vinhos e imóveis de luxo
Durante a operação Indignus, do Gaeco, os agentes localizaram ao menos três caixas com vinhos internacionais. Segundo apurou a reportagem, cada caixa teria ao menos seis exemplares da bebida. O que chama atenção é que o vinho, ano 2015, é vendido em média por até R$ 1,660 na internet, com isso os valores de bens apreendidos, apenas em vinhos, pode chegar a quase R$ 30 mil (R$ 29.916).
As propriedades contam com projetos de iluminação do ambiente interno com designs futuristas em LED, além de lustres de alto padrão de luxo. Os projetos de iluminação dos ambientes deixaram os representantes da justiça boquiabertos durante as incursões policiais.
Nos imóveis de propriedade do clérigo, os investigadores encontram fogão no valor de R$ 80 mil e 30 cachorros da raça Lulu da Pomerânia, sendo cada animal avaliado em até R$ 15 mil.
Um empréstimo de R$ 13 milhões foi feito pelo padre Egídio de Carvalho em nome do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. O valor foi revelado pelo arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, e pelo novo diretor, Padre George Batista, durante entrevista à imprensa.
Conforme as informações repassadas, os empréstimos foram feitos em duas instituições bancárias, um no Santander e outro na Caixa Econômica Federal.
Granja milionária
Entre as ações policiais dentro da investigação, a Polícia Civil e o MPPB conseguiram identificar uma granja, no município de Conde, na Grande João Pessoa, de propriedade do padre Egídio.
O imóvel é avaliado em R$ 5 milhões, possui objetos de luxo na decoração e virou alvo de uma denúncia de um homem que se identificou como filho do proprietário anterior do terreno. Ele alegou que o padre, junto com outras duas pessoas, promoveu um cambalacho e falsificou assinaturas para poder comprar o terreno onde hoje está a granja.
Desvio de emenda de Zé Maranhão
Outra denúncia contra o padre Egídio de Carvalho é de um suposto desvio de R$ 180 mil que fizeram parte de uma emenda parlamentar de R$ 200 mil, destinadas pelo ex-senador José Maranhão em 2018.
No caso, os recursos da emenda foram destinados à Fundação Padre Pio de Pietrelcina. No entanto, o dinheiro não foi direto para a fundação, mas encaminhado para o Instituto São José, que deveria repassar o valor integralmente para a Fundação.
Entretanto, o Instituto São José, que era comandado por padre Egídio em 2018, repassou apenas R$ 20 mil do valor. Os outros R$ 180 mil ainda estão com destino ignorado.
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