“A violência contra às Mulheres – Enfrentamento em rede”. Este foi o tema de uma mesa redonda realizada na manhã desta quarta-feira (27) na maternidade Frei Damião, que integra a rede hospitalar do Estado. O evento foi destinado a equipe multidisciplinar da unidade de saúde e marcou as ações alusivas ao Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres, lembrado no último dia 25. A maternidade Frei Damião foi o primeiro serviço público de saúde a implantar, em 1998, o Programa de Assistência às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (PAMVVS), que atende às mulheres em situação de violência sexual de acordo com a normatização vigente.
Ao comentar sobre o assunto, a diretora geral da maternidade Frei Damião, Selda Gomes, disse que é inadmissível aceitar que casos de violência continuem acontecendo no país e, em particular, na Paraíba. “Temos que dar um basta nesta situação. O momento é de união de toda a sociedade civil organizada para combater esse mal, essa chaga, que vem destruindo famílias e a maternidade Frei Damião está engajada nessa luta. Temos que dar um basta com todo tipo de violência que está acontecendo com as mulheres’, destacou.
Uma das palestrantes foi a juíza Graziela Queiroga Gadelha de Sousa, coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Estado. Ela explicou que existe hoje cerca de 12 mil processos sobre feminicídio na Paraíba. Para ela, esse aumento no registro de casos de violência pode ser atribuído
à Lei Maria da Penha como também ao emponderamento das mulheres que agora não estão ficando mais caladas diante da violência. “Elas estão gritando e pedindo socorro e aquela história de que em briga de marido e mulher não se meter a colher não existe mais porque os vizinhos e a sociedade como um todo estão denunciando também”, destacou.
Ela destacou ainda a iniciativa da maternidade Frei Damião em realizar esse evento. “Somos parceiros nessa luta diária e constante de enfrentamento a violência contra a mulher e o nosso carro-chefe a prevenção, mas temos que discutir, informar e conscientizar a população sobre essa problemática e é isso que estamos fazendo nesse evento de hoje”, finalizou.
A coordenadora da Saúde da Mulher e da População Negra da Secretaria de Estado da Saúde, Adélia Gomes, também participou da mesa redonda aonde abordou o fluxograma de atendimento à mulher vítima de violência nos 14 serviços de saúde do Estado. Ela disse que o grande desafio hoje é aumentar ainda mais essa rede como também capacitar todos os servidores para que eles possam atuar nesse trabalho de atendimento às mulheres. “A mulher não pode chegar no serviço e sair sem ser atendida”, destacou a Adélia ao elogiar a maternidade Frei Damião em promover essa mesa redonda sobre o caso. ‘O momento é de unirmos forças para combate esse mal que a cada dia vem destruindo a sociedade e os lares brasileiros e a Frei Damião mostra essa preocupação ao realizar esse evento”, destacou.
Taíza Gomes, da Secretaria de Desenvolvimento Humano do Estado da Paraíba abordou a atuação dos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) que está presente nos 223 municípios paraibanos. Ela afirmou que o CREAS não atende somente às mulheres que são vítimas da violência doméstica, mas também aquelas que tem outros direitos violados. “A maternidade Frei Damião está de parabéns por essa iniciativa, pois é mais um momento para discutirmos sobre essa problemática tão latente em todo o Brasil”, destacou.
A delegada Maísa Félix, coordenadora das Delegacias da Mulher do Estado da Paraíba, explicou que hoje a mulher está mais encorajada em denunciar os casos de violência, mas ainda está muito distante da realidade. Ela disse que hoje existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para denúncia, a exemplo da Patrulha Maria Penhas, das delegacia especializadas e do 197.
Sobre o (PAMVVS) da Frei Damião
O atendimento no Programa de Assistência às Mulheres Vítimas de Violência Sexual – PAMVVS da Maternidade Frei Damião é prestado por uma equipe composta por médico, enfermeiras, assistentes sociais e psicólogas. A equipe discute os procedimentos a serem realizados garantindo o atendimento qualificado e humanizado, com acolhimento, sigilo e o respeito às escolhas das mulheres. Quando necessário, se articula a outros serviços da rede a exemplo da Saúde, Proteção Social, Mecanismos de políticas para as mulheres, respeitando a intersetorialidade e a complexidade dessa violência. O serviço funciona 24horas, todos os dias da semana, inclusive, feriados, sábados e domingos.
Independentemente de ser referência, qualquer serviço pode ser a porta de entrada para o atendimento às violências sexuais, os procedimentos devem obedecer a uma mesma lógica, seguir orientações pré-definidas e, mais do que isso, cada serviço é corresponsável pelo atendimento. Encaminhar a outro serviço conforme a necessidade apresentada não significa passar o problema adiante e deixar de responsabilizar-se por ele. Ao contrário, é importante discutir com outras equipes e garantir a continuidade do cuidado.
o serviço de atendimento às mulheres vítimas de violência sexual é uma ação indispensável, mas para o enfrentamento a violência contra as mulheres são necessárias ações conjuntas, executadas de forma articuladas e integrais garantindo a intersetorialidade das políticas públicas indispensável no enfrentamento a violência contra as mulheres.
Atendimento 72 horas não deixe para depois
Se for vítima de violência sexual procure um centro de atendimento para mulheres. Até 72horas você pode evitar uma gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Se por algum motivo passou das 72horas, não deixe de procurar o serviço de atendimento às mulheres em situação de violência, você receberá as orientações necessárias.
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