No Brasil, a taxa de infecções hospitalares é estimada entre 5% e 14% do total de internações. O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), adotou uma estratégia para diminuir esse tipo de indicador, nos pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por meio de uma metodologia milenar de origem japonesa, empregada para a contação de histórias, denominada de Quadro Kamishibai, mas que na saúde, foi adaptado como ferramenta para ajudar na prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).
A nova estratégia no Hospital São Vicente, selecionado entre várias unidades inscritas do país, vem sendo empregada por meio do Projeto Saúde em Nossas Mãos, do Ministério da Saúde sob orientação do Hospital Oswaldo Cruz, com duração de três anos e envolve toda a equipe multidisciplinar da UTI da unidade e a gestão.
Adaptada do modelo do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), a estratégia é composta por um quadro e cartões de confirmação de processo dos bundles (medidas e estratégias de evidência científica) de prevenção de Infecção Primária da Corrente Sanguínea Laboratorial (IPCSL), Infecção do Trato Urinário Associada ao Cateter Vesical de Demora (ITU-AC) e Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), os quais são utilizados para coleta de dados.

Os cartões, dispostos ao longo da semana, sinalizam por meio de cores, as conformidades e não conformidades, o que permite à equipe de saúde, gestores, usuários e familiares, visualizarem in time a adesão às práticas seguras. Por meio desses cartões com instruções de trabalho padronizados, existe uma orientação como o processo deve ser executado e é avaliado por um profissional habilitado no decorrer do plantão, onde as adequações são identificadas com um cartão verde e as inadequações com um cartão vermelho.
Segundo a enfermeira da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HSVP, Ana Carolina Gomes, há cerca de cinco meses a estratégia foi implantada com o auxílio do Hospital Oswaldo Cruz (HOC) e tem o objetivo de reduzir em 50% esse tipo de agravo na UTI. “Os profissionais do HOC vem nos acompanhando e nos orientando na assistência, a fim de reduzir as infecções e diminuir também os custos com essas internações. Conseguimos zerar em novembro e dezembro, a taxa de IPCSL por IRAS,” destacou.
As informações dos cartões são coletadas semanalmente e os profissionais envolvidos recebem orientações sobre as não conformidades recorrentes, e um relatório mensal dos indicadores é enviado ao Oswaldo Cruz que remete feedback onde precisa melhorar. “As infecções hospitalares nas UTI’s estão relacionadas na grande maioria das vezes ao manejo inadequado dos dispositivos invasivos e a baixa adesão às boas práticas em saúde, por isso, o projeto vem para padronizar esses procedimentos e atingir a tão desejada redução de IRAS”, informou a enfermeira do Núcleo de Segurança do Paciente do HSVP, Nayanne Ingrid Farias.

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