Composições de Beethoven, Villa-Lobos e Christian Lindberg estão no programa do concerto desta quinta-feira (28), da Orquestra Sinfônica da Paraíba, com regência do maestro Gustavo de Paco de Gea e participação, como solista, do trombonista Wellington Araújo. O 6º concerto oficial da temporada 2023 da OSPB começa às 20h30, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural, em João Pessoa, com entrada gratuita.
Uma grande representante da música brasileira vai abrir o concerto. É “Bachianas Brasileiras nº 4 (Prelúdio)”, do maestro, pianista e compositor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, Heitor Villa-Lobos. Em seguida, o trombonista Wellington Araújo sobe ao palco da Sala de Concertos para solar “Arabenne”, para Trombone e Cordas, do trombonista, maestro e compositor sueco Christian Lindberg.
Seguindo a programação deste ano, que prevê a execução das nove sinfonias do compositor alemão Ludwig van Beethoven, este concerto será encerrado com a “Sinfonia nº 6 (Pastorale)”.
O maestro Gustavo de Paco destacou as músicas que serão executadas. “No início do concerto teremos o Prelúdio da Bachiana Brasileira nº 4, de Villa-Lobos. Quer dizer que é só o primeiro movimento dessa obra, que foi composta pelo grande compositor brasileiro em 1946”.
Ele lembrou a música composta por Vinícius de Moraes. “Essa peça é muito inspiradora e depois de um certo tempo, no início da década de 1970, o grande Vinícius de Moraes pegou a base e fez uma conhecida canção chamada “Samba em Prelúdio”, em que ele fez um samba em cima da composição de Villa-Lobos e ficou realmente muito bonita. Isso, de alguma forma, mostra que essa música tem algumas características de origem popular”, observou.
“Depois nós faremos com o grande solista de trombone, Wellington Araújo, uma peça da música contemporânea, que é um verdadeiro desafio. Neste ano, é a primeira vez que nós faremos uma peça tão moderna, cheia de efeitos diferentes, efeitos modernos. Chama-se Arabenne e é de um autor sueco chamado Christian Lindberg. Essa peça lembra de alguma forma a música árabe e a facilidade que o trombone tem como solista de fazer os glissandos (uma passagem suave de uma altura a outra), que muito bem se adapta com a música árabe. É um desafio porque as cordas que vão acompanhar o solista de trombone também vão ter muito desses glissandos, como tem a música árabe. É muito moderna, mas claramente com um perfume árabe”.
“Finalmente, teremos a 6ª Sinfonia de Beethoven, a Sinfonia Pastoral”, continuou. “Difere muito da 5ª Sinfonia, que nós fizemos no mês passado, que é uma sinfonia bem imperativa, bem forte, de uma certa prepotência, mas essa sinfonia pastoral não. Como o nome sugere, é uma peça muito bucólica, tranquila, baseada em aspectos da natureza, que o Beethoven conseguiu resgatar”, destacou o maestro.
Gustavo de Paco contou o que inspirou o compositor. “Diz a história que uma das vezes que Beethoven voltou de Viena, na Áustria, para a sua cidade natal, Bonn, na Alemanha, ele decidiu sair caminhando pela cidade, até que se encontrou com a natureza do campo, árvores e córregos, e aí ele se inspirou para fazer essa sinfonia, a Pastoral”.
“Ele voltou no fim do dia com essa inspiração na cabeça e conseguiu passar para as notas tudo o que ele tinha percebido da natureza ao longo do dia. Realmente uma obra genial; tem até a força de uma tormenta, no meio do campo. Depois a chuva acalma e tudo volta à normalidade, e a alegria dos moradores do campo você vê registrada através das fantásticas melodias de Beethoven”, completou o maestro.
“É com muita alegria que volto à minha segunda casa, João Pessoa, desde que obtive o título de Bacharel pela Universidade Federal da Paraíba”, disse o trombonista Wellington Araújo. “Preciso deixar claro que sempre fui bem acolhido nessa terra, e nela, vivenciei meus bons tempos no âmbito musical acadêmico ao lado do eterno Prof. Dr. Radegundis [em memória]”.
“Quero agradecer grandiosamente o convite do nobre maestro Gustavo de Paco, a quem admiro, e que confiou essa honraria para realizar este concerto. Será meu maior desafio em todos esses anos de atividades como performance, pois não se trata de uma obra simples, mas uma das literaturas contemporâneas para trombone mais raras que o público já ouviu em todo o mundo, emblematicamente interpretada sob o som de um trombone, dado os aspectos composicionais aplicado pelo compositor”, explicou Wellington.
“Essa obra será apresentada pela primeira vez no Brasil com caráter de estreia, por assim dizer, e aqui na Paraíba pela Orquestra Sinfônica da Paraíba, e mais desafiador será para mim por ter a responsabilidade de levar a bela arte aos pessoenses. Te convido para estar conosco no dia 28 próximo para serem os primeiros a apreciarem esse concerto”, finalizou.
O solista
Wellington Araújo iniciou seus estudos musicais na Filarmônica Sociedade Musical Novo Século, em 1993, na cidade de Santa Cruz do Capibaribe (PE), onde exerceu anos mais tarde atribuições como diretor musical e diretor presidente. É Bacharel em Música (Práticas Interpretativas em Trombone) pela Universidade Federal da Paraíba (2017). Durante sua graduação, foi orientado pelos professores Radegundis Feitosa Nunes (em memória), Sandoval Moreno e Alexandre Magno e Silva Ferreira.
Na sua trajetória, teve a oportunidade de participar de diversos encontros regionais e nacionais de trombone, e em festivais nacionais e internacionais de música de câmara pelo País. Foi vencedor do concurso Solistas no XIII Festival Eleazar de Carvalho na categoria sopros, realizado pela Fundação Eleazar de Carvalho e pela Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza (CE), em 2011. Foi finalista no concurso Prelúdio, promovido pela TV Cultura (SP), nos anos 2009 e 2014.
Aos 12 anos, foi finalista no concurso Solista da Orquestra Sinfônica da Bahia, em 2005, o primeiro de suas participações como trombonista solista. Atuou na Orquestra do Maestro Duda da Cidade do Recife, de 2012 a 2018, como primeira estante. Durante sua vida acadêmica, integrou o Coral de Trombones da Universidade Federal da Paraíba, entre os anos 2008 e 2010, a Orquestra Sinfônica da Prefeitura de João Pessoa e a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado, de 2008 a 2013, como trombone solista.
Atualmente, é aluno de Pós-Graduação em Constelação Familiar Sistêmica Integrada pela Faculdade UNIFAHE-D, com foco no comportamento emocional e em conflitos que permitem identificar problemas pessoais relacionados aos sintomas de APM (ansiedade de performance musical). É CEO da Academia dos Músicos Projeto On-line, perfil social com interesse de educar, pesquisar e expandir o espaço acerca do tema APM em músicos instrumentistas que sofrem e convivem com transtornos de ansiedade em palco.
Mantém-se ativamente tocando como músico solista, é adepto da Filantropia Artística com instituições musicais que se relacionam com o universo de Bandas Filarmônicas e Orquestras, e mais recente, desenvolvendo pesquisas para fundamentar o seu livro Musiquiatria, que contextualiza sua jornada de superação da APM na aplicação de ferramentas não convencionais, focado no enfrentamento da ansiedade psicoemocional, que atinge mais de 70% dos profissionais que atuam na área da música.
O regente
Natural de Buenos Aires, Argentina, Gustavo de Paco de Gea graduou-se pelo Conservatório Juan José Castro. Após trabalhar alguns anos como docente e flautista nas orquestras argentinas, foi convidado pela Universidade Federal da Paraíba para ser professor do Curso Superior e de Extensão de Flauta, onde ensina até hoje.
Trabalhando na UFPB desde 1978, foi membro fundador do Quinteto Latinoamericano de Sopros, apresentando-se em todo o país e no exterior com esse grupo camerístico. É também membro fundador e primeiro flautista da Orquestra Sinfônica da Paraíba desde 1980.
Desde 1985, é primeiro flautista da Orquestra Sinfônica do Recife (PE), desenvolvendo intenso trabalho na área da música sinfônica também em outras orquestras do país. Detentor de vários prêmios nacionais e internacionais, Gustavo de Paco de Gea tem se apresentado nos mais importantes festivais do Brasil.
Foi professor de flauta convidado no Centro de Criatividade Musical do Recife (PE), em 1996 e 1997, e assumiu nesse ano a preparação dos sopros na Orquestra Infantil do Estado da Paraíba. É regente de orquestra desde 2001, ano em que criou a Orquestra de Câmara Municipal de João Pessoa, envolvendo jovens talentosos da região. Nesse organismo, foi diretor artístico e regente titular até 2010.
Em 2012 foi nomeado maestro e diretor artístico da Orquestra Criança Cidadã, no Recife, e, no ano seguinte, foi designado para reger o Concerto de Estreia da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB), regendo desde então recorrentemente esse organismo como maestro convidado.
Em 2014, aceitou o convite da Prefeitura de João Pessoa para ser maestro assistente da nova Orquestra Sinfônica Municipal, onde permaneceu até 2018. Atualmente, o maestro Gustavo de Paco de Gea é o regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Entrada gratuita – Não é cobrado ingresso para os concertos da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Idosos, cadeirantes e demais pessoas com dificuldade de locomoção têm entrada acessível na lateral da Sala de Concertos, ao lado do palco da Praça do Povo. Há também cadeiras especiais para esse público. O programa do concerto ficará disponível na bio da página da OSPB no Instagram: @orquestra.ospb.
SERVIÇO
Orquestra Sinfônica da Paraíba
6º Concerto Oficial da Temporada 2023
Regência: Maestro Gustavo de Paco de Gea
Solista: Wellington Araújo (trombone)
Dia: 28 de setembro (quinta-feira)
Hora: 20h30
Local: Sala de Concertos Maestro José Siqueira, Espaço Cultural
Ingresso: Gratuito
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