Análise do especialista Elinaldo Barbosa, ex-presidente do CRC-PB, ex-auditor do TCE-PB e perito contábil revela disparidade entre o aumento das contribuições e o retorno final nos seguros de vida e saúde, destacando a necessidade de revisão dos critérios de reajuste.
No universo dos seguros, as disparidades entre o que se paga e o que se recebe são surpreendentes. A análise dos casos de seguros de vida e saúde ilustra essa realidade complexa e, muitas vezes, desfavorável ao segurado.
Uma das situações mais críticas ocorre no seguro de vida, principalmente idosos. Ao longo de quase 25 anos, as contribuições feitas pelos segurados se transformam em lucro puro para as seguradoras. Conforme destacado por ele ex-presidente do Conselho Regional de Contabilidade da Paraíba (CRC-PB) e perito contábil, a correção anual pela inflação e o fator de faixa etária anual aumentam significativamente a contribuição.
“O valor que eu pago mensalmente ao Banco do Brasil, que chamo de prêmio, tem um reajuste de mais de 5.000%, afirmou ele. Em contrapartida, o capital a ser recebido, ou destinado aos herdeiros, corrige-se apenas pela inflação, resultando em um aumento de pouco mais de 400%.
A correção da contribuição no seguro de vida ocorre anualmente, tanto pela inflação quanto pela faixa etária, enquanto o capital corrigido só pela inflação não reflete a mesma valorização. Essa discrepância entre o aumento da contribuição em 5.000% e o reajuste do capital em 400% revela uma injustiça gritante.
“Veja que diferença, que distorção está acontecendo. A impossibilidade de desistência sem perder anos de contribuição coloca o segurado em uma posição vulnerável, sem reembolso das contribuições pagas”, alerta.
Na impossibilidade de manter o pagamento do seguro de vida, causado pelo reajuste pela inflação e pelo fator de faixa etária anual, o segurado ao tentar negociar junto a seguradora uma forma de pagamento menor para não desistir do contrato, recebe uma proposta de reduzir o valor do prêmio, exemplo: 50%, com redução automática do valor do capital em idêntico percentual. Isto torna-se um verdadeiro assalto, pois reduz o prêmio que é reajustado com 2 índices, inflação e fator de faixa etária e reduz na mesma proporção o valor do capital, defasado, que é corrigido apenas pela inflação.
Saúde: custos crescentes com o tempo e perda total em caso de desistência
O seguro de saúde, por outro lado, apresenta desafios relacionados ao aumento dos custos ao longo do tempo. Inicialmente, o valor é aceitável, mas à medida que o segurado envelhece, as despesas aumentam exponencialmente. Hoje, por exemplo, um plano pode custar quase R$2 mil mensais, mesmo sem utilização efetiva.
E o que é pior, se o segurado não puder continuar pagando, perderá tudo o que contribuiu, pois não há reembolso.
A correção anual no seguro de saúde ocorre tanto pela inflação quanto pela mudança de faixa etária a cada cinco anos. Para muitos, acompanhar esses aumentos é inviável, criando um dilema sobre a continuidade do pagamento. A desistência significa a perda de todas as contribuições feitas, sem qualquer benefício ou retorno.
As distorções nos seguros de vida e saúde evidenciam a necessidade urgente de revisão nos critérios de correção e reajuste, conclui Elinaldo.
Sem uma adequação justa, os segurados se encontram em uma situação de contribuições desproporcionais em relação ao benefício final. A busca por um equilíbrio mais justo entre contribuições e retornos é essencial para garantir a proteção financeira que esses seguros deveriam proporcionar. Além disso, é importantíssimo que as seguradoras considerem a possibilidade de reembolsar parte das contribuições para não penalizar aqueles que eventualmente precisam desistir ou ajustar suas apólices, finaliza o perito.
Cândido Nóbrega
Discussion about this post