Cresce em proporção geométrica no mundo a busca pela beleza e juventude eternas a qualquer custo, sobretudo através de fórmulas “milagrosas“, terapias hormonais e procedimentos invasivos e corporais, cujos resultados imediatos seduzem pessoas de gêneros sexual, idade e classe social variadas, numa indústria que já movimenta muitos milhões no mundo inteiro e não é diferente no Brasil e nem na Paraíba.
Nesse cenário preocupante e agravado por métodos prescritos e aplicados via procedimentos e dispositivos de formas irresponsáveis e criminosas, o presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, Bruno Leandro de Souza, faz um oportuno e contundente alerta: A banalização e o uso indiscriminado com efeitos relâmpago, a exemplo do aclamado chip da beleza, pode ter consequências gravíssimas e irreversíveis à saúde, principalmente se forem aplicados por pessoas que não têm certificação para tal, como vem acontecendo com biomédicos e odontólogos, por exemplo, atuando como médicos.
Acne, gravidez, pâncreas, rins e óbito
Ele lembra que essas soluções rápidas e sem esforço, cada dia mais popularizadas nas redes sociais, podem ocasionar sérias consequências a curto, médio e longo prazo aos seduzidos pelo “canto da sereia”, que vão de problemas dermatológicos, como acne, espinhas, surgimento de pelos no rosto ao engrossamento da voz ou virilização dos genitais femininos, aumento do clitóris, disfunções menstruais e problemas relacionados à gravidez a complicações orgânicas graves no fígado, pâncreas e rins.
Mas não só. A depender da quantidade, da frequência e da falta de médico adequado acompanhando o paciente, há casos de óbitos pelo uso inadvertido dessas substâncias. “A terapia hormonal pode sim ser prescrita, porém, desde que o paciente tenha uma doença ou problema no qual a reposição seja muito necessária”, ressalta.
Foco na biomedicina estética
“O CRM-PB continua firme e determinado a coibir práticas médicas ilegais, tanto que instauramos uma Comissão dedicada à investigação, identificação e punição de médicos charlatães, com foco especial na biomedicina estética, assim como de outros profissionais que oferecem práticas não convencionais e/ou ilegais, numa abordagem crucial para conter invasões de especialidades e proteger a sociedade”, acrescentou o presidente do CRM-PB, durante entrevista exclusiva em vídeo concedida ao jornalista Cândido Nóbrega, que pode ser conferida clicando aqui.
O grupo de trabalho conta com o apoio das Polícias Civil e Federal, bem como do Ministério Público, na pessoa do diligente promotor de justiça de defesa da saúde e do consumidor, Glauberto Bezerra, em ações coordenadas que visam não só punir, mas também proteger a categoria dessa invasão e a população de práticas nocivas à saúde.
Fechamento de clínicas
Nesse contexto o Conselho já fechou clínicas estéticas nas cidades de Cajazeiras e Patos, no Sertão da Paraíba, ambas operadas por biomédicos e encaminhou os casos ao MP, junto ao de um optometrista, que nesta última, conhecida como Morada do Sol, prescrevia lentes de óculos; e mais outros 7 de enfermeiros que faziam plantões em clínica de transporte de pacientes como se médicos fossem, além de um sobre falso médico que atuava em Bayeux.
“São alguns exemplos que mostram o compromisso do CRM-PB em responsabilizar e impedir a atuação de profissionais sem a devida qualificação, indo além das clínicas de estética, através de ações assertivas que resultaram no fechamento de estabelecimentos e, em alguns casos, na prisão, demonstrando a firmeza na defesa da integridade profissional e da segurança dos pacientes”, acrescentou.
Leandro concluiu lembrando que, além da frente punitiva, o CRM-PB tem priorizado ações educacionais para alertar sobre substâncias proibidas em academias e restringindo a prescrição de anabolizantes para fins estéticos, além da proposição de legislação específica e pertinente.
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