O dia no mercado financeiro é uma mistura de mais do mesmo com uma surpresa. Estão no radar do mercado financeiro hoje a inflação global, presente com maior ou menor destaque no humor dos investidores nos últimos tempos, e o surpreendente pedido de estudo de privatização da Petrobras feito pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao Ministério da Economia.
De acordo com o comunicado do MME, “a proposta é oportuna devido à conjuntura energética corrente, em face da situação geopolítica mundial, das discussões sobre o ritmo da transição energética e do realinhamento global dos investimentos”. Mas há quem diga no mercado que esse pedido é só uma cortina de fumaça em meio aos problemas enfrentados pelo governo de Jair Bolsonaro.
Um deles é o risco de desabastecimento de diesel no segundo semestre deste ano. A questão é global, mas especialistas ouvidos pelo Valor Econômico avaliam que a situação no Brasil é mais grave pelo fato de o mercado brasileiro ser dependente de importações para atender a demanda e porque a Petrobras tem demorado a fazer reajustes para equiparar os preços domésticos aos internacionais.
A defasagem nos preços dificulta as importações. E de quanto seria essa defasagem? Nas estimativas da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços do diesel nas refinarias da Petrobras estavam 7% abaixo dos preços internacionais na manhã de ontem. A StoneX calculava, na manhã de ontem, uma defasagem de 3%.
Hoje as refinarias brasileiras atendem cerca de 60% do consumo nacional e o restante precisa ser suprido por compras externas. Mas o governo foge da paridade de preços internacionais justamente por causa dela, a inflação, problema que também não é só brasileiro.
A inflação na Espanha e na Alemanha vem crescendo acima do esperado, o que diminui as esperanças de que o aumento recorde nos preços da zona do euro esteja atingindo o pico. Os dados também pressionam ainda mais o Banco Central Europeu a atuar para controlar a inflação.
Dados divulgados hoje cedo mostram que a taxa anual da inflação ao consumidor na zona do euro alcançou novo recorde de alta, ao subir de 7,4% em abril para 8,1% em maio, segundo a primeira estimativa do dado. Economistas consultados pelo The Wall Street Journal (WSJ) previam aceleração menor, a 7,6% neste mês.
Como resposta a esses números, as principais bolsas europeias são negociadas em queda nesta manhã, com investidores vendo seus receios renovados sobre a necessidade de aumentos agressivos na taxa de juros da zona do euro. Os índices futuros em Wall Street vão pelo menos caminho e o ETF EWZ (Exchange Traded Fund) iShares MSCI Brazil Capped, que representa os papéis com maior peso no Ibovespa e é negociado na bolsa dos Estados Unidos, cai mais de 1% nesta manhã.
Bolsas internacionais
Os preços do petróleo são negociados em forte alta firme, com o barril do tipo WTI, a referência americana, aproximando-se da faixa de US$ 120, depois que os líderes da União Europeia chegaram a um acordo para banir 90% do petróleo russo até o final de 2022. Além disso, a perspectiva de aumento da demanda após a China aliviar as restrições por causa da covid-19 dá ritmo ao movimento.
As principais bolsas asiáticas encerraram em alta, após dados da China mostrarem que a desaceleração da atividade econômica está arrefecendo, à medida que os bloqueios provocados pela disseminação do coronavírus são flexibilizados. A exceção ficou com Tóquio, que encerrou o dia em baixa, em meio ao salto nos preços do petróleo após o acordo da União Europeia (UE) sobre o embargo às importações de energia da Rússia.
Empresas
- A Vibra Energia e a Comerc Participações encerraram o exercício de compra de ações, no qual a antiga BR Distribuidora pagou à comercializadora pouco mais de R$ 1,22 bilhão e recebeu quase 61,6 milhões de papéis ordinários emitidos pela Comerc, representando 16,96% do capital da empresa. Com o fechamento da operação, a Vibra Energia passa a deter 48,7% do capital social da Comerc e, junto aos acionistas fundadores da sua subsidiária Vibra Comercializadora de Energia, forma um bloco titular de 50% capital social da empresa.
(Com Valor PRO, serviços de notícias em tempo real do Valor)
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