Uma enquete com moradores estrangeiros colocou o Brasil entre os países mais difíceis de se morar, sobretudo por questões de segurança e alto custo de serviços como educação e plano de saúde.
O ranking Expat Insider 2019, feito pela InterNations (empresa que presta serviço de apoio a profissionais vivendo fora de seus países de origem), ouviu mais de 20 mil imigrantes morando em 187 países ou territórios. Mas apenas 64 países foram incluídos no ranking, escolhidos por terem tido uma amostra mínima de 75 pessoas para responder ao questionário.
As perguntas se referem à qualidade de vida dos expatriados nos países em que habitam (com suas percepções sobre as opções de lazer, nível de felicidade pessoal, qualidade dos transportes e de viagem, saúde e bem-estar e segurança no país); a facilidade com que se integram aos países; suas perspectivas profissionais e finanças pessoais ali e sua vida familiar (incluindo custos e qualidade dos serviços de saúde e educação infantil).
Por se tratar de uma enquete, e não uma pesquisa estatística, e de ter critérios próprios, o ranking tem resultados que desafiam o senso comum de países “melhores” ou “piores” de se morar – e refletem percepções particulares sobre cada país. Os entrevistados têm em média 44 anos, e 84% deles têm ensino superior. Não há informação sobre seu nível de renda.
A liderança do ranking coube a Taiwan, “província rebelde” chinesa que tem um grau de autonomia em relação a Pequim.
“Desde que apareceu pela primeira vez na pesquisa, em 2016, Taiwan tem consistentemente se mantido entre os TOP 5”, diz o relatório. “(A ilha) oferece uma ótima qualidade de vida, finanças pessoais favoráveis, uma vida profissional impressionante e bons resultados na facilidade de se acomodar no país.”
Entrevistados também elogiaram o que veem como um bom sistema de saúde e boas condições de segurança em Taiwan. Em seguida, lideram o ranking Vietnã, Portugal, México, Espanha, Cingapura, Barein, Equador, Malásia e República Tcheca.
O Vietnã foi avaliado como positivo em perspectivas de carreira, cordialidade e custos de vida compatíveis com os salários dos entrevistados. E Portugal foi o país com o maior índice de respondentes dizendo que recomendariam outras pessoas a viver ali, destacando a facilidade de integração à vida local e a percepção de boa qualidade de vida.
Brasil visto como amigável, mas inseguro
Os dez países mais mal avaliados entre os imigrantes entrevistados são Kuwait (em 64º lugar, o último), Itália, Nigéria, Brasil (em 61º), Turquia, Índia, Reino Unido, Grécia, Rússia e Coreia do Sul.
A enquete não deixa claro quantos profissionais estrangeiros foram entrevistados no Brasil, mas afirma que a percepção deles é de que o país tem uma população amigável e receptiva, embora essa receptividade não tenha sido suficiente para compensar a sensação de insegurança.
Dos entrevistados no Brasil, 61% se disseram insatisfeitos com as condições de segurança do país, contra 9% da média global. Também pesaram contra o país os altos custos de saúde e escolas particulares e a percepção ruim quanto a perspectivas de carreira e de melhoria da economia.
Itália também está entre os países mais mal avaliados, pela percepção negativa deles a respeito do clima político local, dos custos de vida familiar e das perspectivas de avanço profissional — Foto: Reuters
O relatório aponta que, dos cinco rankings do tipo em que esteve presente, o Brasil ficou três vezes nas últimas colocações, sendo “a segurança um enorme problema na visão dos expatriados”.
Entre os países europeus no pé do ranking, a Itália foi mal avaliada pelos expatriados pela percepção negativa deles a respeito do clima político local, dos custos de vida familiar e das perspectivas de avanço profissional em uma economia vista por eles como estagnada.
O Reino Unido, por sua vez, foi “puxado para baixo” no ranking pela percepção de altos custos de vida, clima político turbulento (o país está envolto nas negociações do Brexit, seu processo de saída da União Europeia) e aumento na insegurança profissional.
G1 Economia
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