O presidente do Conselho Federal de Economia, Wellington Leonardo da Silva, avalia que, mesmo com a chegada do novo governo federal, 2019 será um ano negativo, tanto para o mercado imobiliário quanto para a construção civil. Segundo ele, o crescimento é consequência do desenvolvimento e para sair da crise e voltar a crescer, o País precisa de um plano de desenvolvimento a longo prazo.
“São aproximadamente 14 milhões de desempregados e parte dos brasileiros ganha em média R$ 4,70 a hora de trabalho, o que não é um salário digno e muito menos o habilita ao consumo. Com esse dinheiro, não dá para pagar uma prestação mensal de R$ 100, ou mesmo R$ 50, em um imóvel adquirido pelo Minha Casa, Minha Vida. Dessa forma, não vamos a lugar algum”, disse.
Ainda segundo ele, ao contrário do que alguns economistas pensam, o Brasil é um dos países que herdou a crise que teve início ainda em 2008, com a falência do Lehman Brothers – banco de investimento e serviços com atuação global – e, para sairmos da estagnação econômica, o que está sendo proposto pelo futuro governo não vai funcionar.
Negativação de juros
Wellington lembrou que países como EUA, Espanha, Itália, França e Alemanha, estão passando pela mesma crise, mas, ao contrário do governo brasileiro, eles tornaram os juros negativos e injetaram investimentos nos Estados para promover o crescimento econômico e manter a demanda aquecida. “Na Espanha, Estados Unidos e Itália, o desemprego foi brutal e, ao contrário da proposta do governo federal, que foi manter os juros em 6,5 %, não criando demanda e beneficiando apenas aos banqueiros e rentistas, eles negativaram os juros”, disse.
Wellington citou ainda a China, que passa atualmente por um velho problema conhecido dos brasileiros, o deslocamento populacional da Zona Rural para os grandes centros urbanos. “O governo chinês tem investido na construção de cidades-apoio localizadas nos arredores dos grandes centros urbanos. A proposta é receber as pessoas que chegam em busca de oportunidades de emprego, para que tenham moradia digna e uma vida estruturada. Do ponto de vista econômico, o nome disso é planejamento a longo prazo e previsibilidade, uma ótica que ainda falta ao governo brasileiro”, ressaltou.
Avaliação de gestão
Para o presidente Wellington da Silva, um ano de gestão é pouco para a administração começar a obter resultados favoráveis. “Quando as coisas começam a acontecer, o ano já está no fim. Por sorte, fui reeleito para mais um ano”.
Para o primeiro ano de mandato, Wellington avaliou como satisfatório e ainda ressaltou algumas realizações importantes como os encontros regionais que aconteceram no Nordeste, Norte e Sul. Ele ressaltou a publicação de revistas com artigos de economistas especialistas em suas próprias regiões.
“Saímos do eixo Rio-São Paulo e privilegiamos os economistas regionais, esses sim conheciam dos problemas em suas localidades, o que nos proporcionou a elaboração de revistas com boas informações e excelentes artigos. Quanto aos encontros regionais, reunimos economistas, geógrafos e demógrafos, acreditamos que não dá para discutirmos desenvolvimento regional sem o devido conhecimento geográfico. O estímulo ao desenvolvimento regional será a continuidade do nosso trabalho”.
Anuidade e inadimplência do Conselho
Wellington da Silva lembrou que até 2011 o Conselho de Economia tinha um problema que surgiu com a criação do Plano Real, devido ao esquecimento na regulamentação de algumas taxas. “A anuidade paga pelos economistas, como por qualquer outra classe profissional, é um tributo e só quem poderia legislar sobre ele era o Congresso Nacional. Com a chegada do Plano Real, isso não aconteceu e fomos reajustando as anuidades através de resoluções. Quando conseguimos a aprovação da lei que dá poderes ao Conselho Federal, passamos a ter margem na justiça para as execuções fiscais”, historiou.
Sobre Wellington Leonardo da Silva
É natural de João Pessoa, consultor em planejamento estratégico situacional e diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. É ainda o atual presidente do Conselho Federal de Economia e trabalhou com comercio exterior nas áreas têxtil, maquinaria pesada e química fina. Foi professor de Macroeconomia e Economia Internacional e Estatística.
Assessoria
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