A onda de fake news que se espalhou nesta reta final da campanha em ambos os lados já foi um importante propulsor de votos para petistas em eleições passadas. A constatação é de adversários políticos do PT que, em outras corridas eleitorais, em sua maioria do PSDB , sofreram com a tática de desinformação nas redes sociais, na TV, no telemarketing e noWhatsApp . Para eles, o petismo experimenta, agora, o “veneno que espalhou” no passado.
“O PT sempre usou isso para destruir a reputação dos outros. Ele está experimentando do veneno que espalhou antes. Já fui vítima. Em 2014, eles fizeram uma verdadeira fake news e me derrotaram (para o governo do Rio Grande do Sul), atacando meu maior patrimônio, o moral”, diz a senadora Ana Amélia (PP), que disputou o primeiro turno presidencial este ano para vice-presidente da República na chapa de Geraldo Alckmin.
Na corrida pelo governo do seu estado naquele ano, Ana Amélia acabou fora do segundo turno, embora tenha passado a campanha bem colocada nas pesquisas eleitorais. Ela atribui a derrota a uma propaganda de Tarso Genro (PT), um de seus concorrentes, que a acusava de ter omitido uma propriedade rural da declaração de bens. “Só que eu não podia colocar porque estava no inventário do meu marido. Todo dia, eles repetiam: ela omitiu isso. O que vai omitir quando assumir o governo? Isso é criminoso. Eles estão sentindo esse peso agora, depois de alimentar as fake news”, afirma a senadora.
Nas últimas eleições presidenciais, adversários dos petistas acusaram o partido de espalhar boatos, especialmente no Nordeste, de que o Bolsa Família iria acabar, caso a então presidente Dilma Rousseff (PT) não fosse reeleita. Aliados de Aécio Neves (PSDB), seu concorrente no segundo turno de 2014, dizem que foi a militância do partido propagandeou que o tucano era dono do helicóptero que foi apreendido em 2013, com cocaína, no Espírito Santo. A aeronave não era de Aécio, mas foi atribuída a ele porque estava registrada em nome de uma empresa do qual era sócio o filho do senador Zezé Perrella (MDB), aliado político do tucano. Em outra fake news espalhada por militantes petistas, segundo o próprio Aécio, era a participação de uma filha sua num negócio de contrabando de diamantes.
“Vocês conhecem a sórdida campanha de mentiras e calúnias patrocinada pelos meus adversários contra mim, na internet. Mas, agora, eles conseguiram ser ainda mais covardes ao envolver a minha família, minha filha e minha ex-esposa, em outra mentira irresponsável, fabricada para me atingir”, disse o tucano na época, durante a eleição de 2014.
Apoio de Marina a Aécio
Derrotada no primeiro turno de 2018 e de 2014, Marina Silva também reclamou reiteradamente da “propagação de mentiras” que o PT fez contra ela. Aliados dizem que o ressentimento foi o principal motivo que a levou a apoiar Aécio Neves há quatro anos, no segundo turno. Em uma propaganda televisiva, por exemplo, a campanha de Dilma exibiu uma cena em que banqueiros riem em uma reunião. Em seguida, mostra uma família fazendo refeição. O locutor, então, diz que o poder dos bancos aumentará por causa da proposta de Marina de dar autonomia ao Banco Central. Na sequência, a comida da família some dos pratos e as pessoas ficam tristes. Em agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux se referiu ao episódio como um caso de fake news. Ainda em 2014, Marina reclamou de “mentiras petistas” ao falar do boato propagado de que ela acabaria com o Bolsa Família.
“Quero oferecer a outra face. Para a face da incompreensão, a compreensão. Para a face de algumas mentiras que estão sendo ditas contra mim, a verdade”, disse Marina.
Adversários dos petistas nas corridas presidenciais de 2002 e 2010, o senador José Serra (PSDB) diz que também foi alvo de fake news do partido. Ele cita o episódio que ficou conhecido como “escândalo dos aloprados”. Em 2006, a duas semanas das eleições, integrantes do PT foram presos em São Paulo ao, supostamente tentar comprar um dossiê contra Serra, que era candidato ao governo do estado. Aloizio Mercadante era o nome do PT na disputa. Anos depois, o partido foi absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com O Globo
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