A cabeça está praticamente toda branca, bem diferente do cabelo predominantemente castanho exibido em sua primeira apresentação como técnico do Flamengo, em 16 de dezembro de 2003. Títulos ele já tem todos possíveis desde estaduais ao Mundial de Clubes. Mas Abel Carlos da Silva Braga, hoje aos 66 anos, mantém a animação do início da carreira de treinador.
Em 2004, Abel comandou a equipe em 44 jogos (19 vitórias, 12 empates e 13 derrotas) e deixou o clube no meio do Brasileirão, com a conquista do Campeonato Carioca no currículo. Naquele ano, também foi o treinador no vice-campeonato da Copa do Brasil, quando o Flamengo perdeu a final para o Santo André.
Confira os principais trechos da entrevista:
Busca por reforços
O Marcos Braz viajou não foi a passeio. Foi conversar com alguém… Não se parou de trabalhar nenhum dia. Seis, sete, oito vezes no telefone. Queira ou não, tudo é muito difícil com Flamengo. Tudo triplica, é preciso jogo de cintura. É preciso negociar.
Necessidade de identidade
Acreditamos que precisamos de ter um pouco mais de identidade. Isso vi de fora. O torcedor está vendo. Não é normal um clube botar 60 mil pessoas naquela última rodada. Mentalidade de clube europeu.
Diferenças entre o Abel de 2004 para o de 2019
Abel de 2004 tinha nove títulos. Quem passou no Flamengo, muda tudo. Tínhamos três jogadores diferenciados, o Felipe, Julio Cesar e Zinho. Não levamos o título. De lá para cá ganhei 14.
Diego fica no Flamengo?
Diego tem contrato até o meio do ano. Falaram em proposta. Estão tentando chegar a um acordo para prorrogar. Meu limite termina em dizer que quero ou não quero. Se vai aceitar, não posso dizer. Ele é identificado com o clube, tem caráter. Se cuida muito.
Em busca de descobrir o que falta no momento decisivo
Não gosto de promessas. Muito usual. Essa identidade eu conheço. Tem que ter uma maior. E não é crítica e ninguém. Os caras (torcida) vão. Não é normal ter tanto favoritismo e falhar na hora de dar o salto, de vencer. Vamos ter que descobrir. Vou tentar.
Busca por laterais
Não vão me pegar (risos). Conversamos sobre tudo. Nós pensamos e conversamos sobre a possibilidade de sair um, outro. NA minha cabeça… estou feliz. Vou quebrar pouco a cabeça. Equipe praticamente montada. Zé Ricardo, Barbieri, Dorival…
Queremos colocar qualidade. Se for igual, vamos na base. Não precisamos de muita coisa. Precisamos de algo invisível, que não se vê no campo. Vou descobrir o que é.
“Maravilhado”
Sem dúvida que o clube está melhor. Fui conhecer a parte nova e estou maravilhado. Lembro que chegamos a treinar no CT emprestado pelo Zico. Agora alcançou outro estágio. As pessoas pensaram de forma correta. O CT dizem que ganha do Chelsea.
Base do Flamengo
Vi os Fla-Flus do sub-17. Agora vou ver a Copinha. Alguns deles vão conosco para os EUA. Vamos começar montar uma base para o ano todo. Meio surreal começar a treinar dia 3 e já jogar 17 dias depois, à tarde, em Bangu. Não se prepara em 17 dias. Os garotos já sabem desde cedo o peso desta camisa.
“Estou leve, camarada”
Assisti muitos jogos desde que saí do Fluminense. Foi um tempo bom para repousar. Não sabia que viria para o Flamengo. Agora estou leve. Estou leve, camarada.
Erro estratégico cometido em 2017
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