Foram pouco mais de duas décadas, 100 títulos, recordes, dribles desconcertantes e a construção de uma história para a eternidade. Aos 41 anos, Falcão deixa o legado de ser o principal nome da história do futsal e um dos atletas mais vitoriosos da história do esporte mundial. A despedida dele talvez tenha para os fãs o mesmo sabor amargo que algumas das inúmeras vítimas tiveram após um drible ou lance genial do craque ao longo dos anos. A lacuna deixada por Falcão dificilmente será preenchida, mas como ele mesmo diz: “A história está feita e foi escrita da melhor maneira possível”.
Ao GloboEsporte.com, Falcão contou em detalhes o drama vivido nos últimos anos para conseguir jogar. A idade trouxe ao craque lesões que causaram incômodo, choro e um sentimento de incapacidade jamais sentido para um jogador acostumado a decidir, vencer e ser o principal artista do espetáculo chamado futsal. E isso foi determinante para Falcão optar em viver, viver sem a cobrança e rotina diária em busca do alto rendimento. Afinal, não é necessário provar mais nada a ninguém.
– A gente nunca imagina que vai chegar a hora e o momento, mas acredito que, se tem um momento certo, é agora. Sou privilegiado de ter chegado com 41 anos jogando em alto nível. No meio do ano tive uma lesão chata, aí vi como é sofrer com lesão e ter recuperar, fazer fisioterapia e tomar injeção para jogar. Em um esporte de alto rendimento, se você não treinar todos os dias, sempre terá que correr atrás e eu que não gosto do mais ou menos, sempre fui vencedor. Colocava a bola de baixo do braço e falava: ‘deixa pra mim’. Agora o corpo não responde mais. Então, esse é o momento de parar – conta.
“Colocava a bola de baixo do braço e falava: ‘deixa para mim’. Agora o corpo não responde mais. Então, esse é o momento de parar”, disse Falcão.
Os problemas físicos de Falcão se agravaram em 2015, quando uma lesão entre o joelho e a panturrilha limitaram os movimentos, fazendo o craque praticamente mudar o seu estilo de jogo. O balde de água fria veio nesta temporada, com uma inflamação no osso calcâneo, que tem feito Falcão apelar para sessões diárias de fisioterapia e injeções para poder firmar o pé no chão. Jogar em alto rendimento? Algo muito raro.
– As dores e injeções fazem parte da carreira de um atleta, mas são coisas esporádicas. A partir do momento que virou uma rotina para que conseguisse colocar o pé no chão e entrar em quadra, começou atrapalhar muito meu corpo, estourou espinha, acabei engordando por conta de muita injeção para jogar nem 15 minutos e sem alto rendimento. É uma exposição negativa, nunca me preocupei com isso porque a história está feita, sempre quis ajudar de alguma forma e consegui fazer isso em muitos momentos. O planejamento de vida também, as dores me fizeram enxergar de outra forma. Quantos eventos deixei de fazer e agora posso, até porque não é um alto rendimento, no jogo de exibição você consegue controlar tudo isso. Quero rodar o mundo fazendo grandes eventos – explica.
G1
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