O resultado deste sábado no Nilton Santos praticamente definiu as pretensões de Botafogo e Flamengo no Brasileiro. A vitória do alvinegro por 2 a 1 sobre o rubro-negro trouxe aos donos da casa o alívio de se ver mais longe da zona de rebaixamento. Já o time de Dorival Júnior, que sonhava com o título brasileiro, vê a conquista se tornar um sonho distante.
A cinco jogos do fim, o Botafogo de Zé Ricardo, que, pela primeira vez, derrotou seu ex-time, chegou a 41 pontos e está em décimo. No momento, a sete pontos do primeiro time da zona da degola. Uma vitória nas últimas rodadas deve ser suficiente para acabar com qualquer temor.
— Estávamos perto da zona de rebaixamento e tínhamos que ganhar o clássico, que é um jogo diferente. Hoje saiu tudo certo e saímos vitoriosos — disse Leo Valencia.
Apesar da derrota, o Flamengo se mantém em terceiro lugar na tabela, pois o São Paulo apenas empatou com o Corinthians, ontem, na Arena Itaquera, por 1 a 1. Porém, pode ficar a nove pontos do líder Palmeiras, que enfrenta o Atlético-MG, hoje, no Independência. Os jogadores ainda não jogam a toalha, mas estão conscientes de que ficou bem mais difícil.
— Sabíamos que precisávamos vencer e fizemos um primeiro tempo muito abaixo do que estávamos apresentando. Uma hora iríamos perder a partida. Foi hoje no clássico. Mas vamos lutar enquanto tivermos chances matemáticas — afirmou Réver.
O clássico entre Botafogo e Flamengo oferece dois resumos distintos dependendo do ponto de vista. Pode ser o jogo das falhas da defesa rubro-negra. Primeiro com a lentidão de Réver; depois pela demora na decisão do goleiro César. Da ótica alvinegra, se destacaria a velocidade de Erik, a fazer jus ao local onde Usain Bolt conquistou três outros olímpicos. Além da precisão de Leo Valencia na cobrança de falta.
Numa análise total, não há dúvidas em afirmar que o técnico Zé Ricardo, conhecedor da maior parte do elenco adversário, soube posicionar o Botafogo diante de um Flamengo mais ofensivo, porém previsível. O rubro-negro insistiu pelo lado esquerdo, com Vitinho, que recebeu vaias a cada toque na bola. A marcação alvinegra, sobretudo no primeiro tempo, foi irrepreensível. Tanto que Gatito mal saiu nas fotos.
Enquanto o time de Dorival Júnior tentava controlar os nervos — entradas duras e desnecessárias de Pará e Cuellar, por exemplo—, o alvinegro esperava o momento certo. Ou melhor, aguardava um lance de sorte, pois o time pecava na criação no meio-campo.
Veio aos 11 minutos, de forma inusitada. Numa cobrança de lateral na intermediária, a bola caiu nos pés de Leo Valencia, que viu Erik e o lançou pelo alto. O atacante disparou entre a zaga rival, deixou Réver para trás e tocou na saída de César: 1 a 0.
A postura do Flamengo em campo não dava sinais de que o gol sofrido fora apenas um acaso. Sem conseguir acelerar o jogo e limitando-se a cruzamentos, quase todos errados, de Vitinho na área, o time viu o Botafogo ampliar numa falha do goleiro. Aos 28, Leo Valencia cobrou falta quase da linha de fundo e encobriu César, enganado pelo movimento de Uribe, no primeiro pau.
— Eu deveria estar esperando tudo. Talvez eu pudesse ter feito algo melhor para evitar o gol — disse o goleiro César.
O placar acendeu o alerta de Dorival, que, logo depois do gol, mexeu na estrutura do time. Tirou Cuellar e colocou Diego. O rubro-negro teve uma discreta melhora. Nada de muito efetivo, a não ser a manutenção da posse de bola, que chegou a superar os 70% de domínio.
Ao rubro-negro não restava outra solução: sufocar o Botafogo na sua área. Vitinho, mordido pelas vaias, foi quem mais procurou o gol. Achou logo aos três minutos, ao acertar uma cabeçada sem defesa para Gatito, após cruzamento de Pará. Pouco tempo depois, ele ainda acertou o travessão na cobrança de falta.
Apesar da pressão e do cansaço, o Botafogo não sucumbiu ao gol precoce do adversário. Soube manter seu posicionamento e segurar o ímpeto. Até teve chance de acabar com as pretensões do Flamengo não fosse a indecisão de Brenner. O atacante, até então apagado, recebeu dentro da área, limpou a jogada, mas deu tempo de Léo Duarte travá-lo no momento da finalização.
Nos dez minutos finais, com ambos os times cansados pelo jogo brigado, o gol ficou mais aberto. Mesmo assim,a ofensividade característica do Flamengo não foi suficiente para ameaçar, de fato, Gatito. O Botafogo, por outro lado, viu a defesa rival escancarada diversas vezes. Perdeu todas as chances por má sorte, como a bola de Pimpão no travessão, ou foi individualista como Erik, já nos acréscimos.
O Globo
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