Ser paciente e enfrentar medos são dois ensinamentos das artes marciais japonesas. E estes ensinamentos passaram a fazer um sentido maior agora para o medalhista olímpico italiano Fabio Basile.
O judoca da Itália ficou em confinamento por quase dois meses em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Mas esta semana finalmente voltou ao seu regime habitual de treinos, pois seu país começa gradualmente a afrouxar as rígidas restrições.
E, apesar de ele ter mantido a saúde, não tem sido fácil. Como medalhista de ouro na categoria de até 66kg nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro, ele esperava fazer o mesmo este ano em Tóquio. Mas, agora, terá que esperar até 2021. Aos 26 anos, ele tem tempo.
O barulho feito por Basile ao bater em um pneu gigante com um martelo ecoou nesta terça (5) por todo centro olímpico de Ostia, que fica perto de Roma e que estava praticamente vazio.
Normalmente, cerca de 100 atletas de judô, karatê e luta realizam suas atividades no local, mas as novas regras respeitadas na Itália a partir de segunda (4) permitem apenas atividades individuais.
Enquanto descansa, o atleta recorda do momento em que soube que seus sonhos de conquistar outra medalha de ouro olímpica em 2020 foram adiados: “Aprendi sobre o adiamento das Olimpíadas aqui no centro olímpico. Era noite, lembro como se fosse ontem. Não posso dizer que foram boas notícias para ouvir, pois estava em ótima forma. Tinha acabado de vencer o Grand Prix em Tel Aviv (Israel). Podia sentir que estava começando a acumular o mesmo tipo de energia que senti antes das últimas Olimpíadas, mas agora acho que é melhor assim”.
Os Jogos Olímpicos, originalmente programados para começar em julho deste ano em Tóquio, foram adiados para o mês de julho de 2021 por causa da pandemia de coronavírus.
Apesar de estar totalmente preparado para Tóquio 2020, ele ficou prontamente disposto a sacrificar as Olimpíadas em prol da saúde das pessoas em todo o mundo. E sempre há o próximo ano.
“A saúde da população mundial é mais importante. As Olimpíadas podem esperar. Acho que se você é o número um no mundo, é o número um hoje, em julho de 2020 e também será o número um em 2021, não há problema”, declarou.
“Aconteceram mortes, e isso não é um jogo”, afirma.
Enquanto o mundo se ajusta ao distanciamento social, o futuro do judô (no qual atletas estão em contato constante) não é claro. As diferentes modalidades esportivas sofrerão uma comparação profunda.
Incerteza e preocupação tornaram-se sentimentos comuns para todas as pessoas durante a crise, mas Basile contou com conselhos que podem ajudar. Ensinamentos do judô que aprendeu ainda jovem.
“Todos precisamos de paciência, o judô também ensina isso (…) a primeira coisa que o judô me ensinou na infância, quando tinha cerca de seis ou sete anos de idade, foi justamente como enfrentar meus medos. O medo é um sentimento que nos impede de fazer muitas coisas que gostaríamos de fazer. Ele nos paralisa, nos aprisiona”, afirma.
“Agora é hora de ser corajoso. Precisamos seguir em frente e ser positivos, é isso”, encerra o campeão olímpico.
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